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Linha Direta

Produções brasileiras competem no Festival de Cinema de Locarno

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O Festival Internacional de Cinema de Locarno chega à sua septuagésima edição em 2017 com a participação de três filmes brasileiros, dois deles em competição oficial. A história do evento é marcada pela descoberta de cineastas, a celeração de filmes independentes e de produções mais políticas.

O Festival de Locarno acontece anualmente na cidade de homônima, localizada na Suíça italiana, desde 1946.
O Festival de Locarno acontece anualmente na cidade de homônima, localizada na Suíça italiana, desde 1946. Reuters / Fiorenzo Maffi
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Rui Martins, correspondente da RFI na Suíça

Este ano o Festival de Cinema de Locarno, entre 2 e 12 de agosto, traz três filmes brasileiros, dois deles em competição. "As Boas Maneiras", da dupla Juliana Rojas e Marco Dutra, concorre ao Leopardo de Ouro, enquanto "Severina", de Felipe Hirsch, concorre na mostra de novos realizadores, Leopardos de Hoje. O terceiro filme, "Era uma vez Brasília", de Adirley Queirós, será exibido na mostra Sinais de Vida. A trama é uma ficção científicopolítica, envolvendo um agente galático metido em loteamento ilegal, incluindo uma confusão política com o impeachment da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff.

As três produções, ainda inéditas no Brasil, contam com o aval do diretor do Festival, Carlo Chatrian. Em entrevista à RFI, Chatrian, que costuma ser bem crítico em relação aos filmes que não gosta, teceu elogios e enalteceu a boa fase do cinema brasileiro. Segundo ele, "As Boas Maneiras", dos mesmos autores de "Trabalhar Cansa", é uma filme "renovador".

Outros destaques

A "Telenovela Errante", filme chileno, sai do comum por ser obra que poderíamos chamar de póstuma. Autor de mais de cem filmes, o cineasta chileno Raúl Ruiz, que viveu desde a queda de Allende até morrer em Paris, tinha perdido as bobinas desta produção composta de sete episódios e, só no ano passado, sua viúva, Valeria Sarmiento, que também é cineasta, encontrou as fitas numa universidade americana. Ela realizou algumas filmagens que faltavam, montou a película, e o filme está na competição internacional.

A atriz francesa Fanny Ardant estará em Locarno representando o filme francobelga "Lola Pater", no papel de uma transsexual, competindo portanto com Daniela Vega, que estrelou "Uma Mulher Fantástica", no Festival de Berlim.

Estarão presentes grandes nomes do cinema mundial como Vanessa Paradis, Adrien Brody, Nastassja Kinski, Mathieu Kassovitz, Sabine Azéma, Olivier Assayas. Locarno realiza este ano um festival este ano muito bleu, blanc, rouge, as cores francesas.

Um pouco de história

Locarno, o segundo festival mais antigo do mundo depois de Veneza, foi criado em 1932 por Mussolini, com o objetivo político de fazer propaganda do seu governo e do fascismo. Veneza, que se transformou, mais tarde, no grande festival da arte cinematográfica, teve suas horas menos gloriosas quando Hitler interferiu, em 1938, para que o Leão de Ouro fosse entregue ao filme nazista de Leni Riefenstahl, "Os Deuses do Estádio", produzido pelo Terceiro Reich.

Para fazer oposição a esse festival comprometido com as ideologias nazifascistas, a França ia criar em 1938, o Festival de Cannes. Porém, houve a invasão da Polônia, começou a Segunda Guerra Mundial, e o evento francês só foi inaugurado em setembro de 1946, alguns dias depois da estréia de do Festival de Locarno, no dia 23 de agosto. O Festival de Berlim só foi criado cinco anos depois.

A vocação política, se assim podemos falar, de Locarno vem do seu criador, Filippo Sacchi, jornalista italiano de esquerda, exilado em Locarno durante o fascismo, que mobilizou suíços antifascistas e inclusive o centro de turismo local para se criar o festival. As projeções eram numa tela de 56m², fixada na parede do Grande Hotel, para um pequeno público reunido no jardim do estabelecimento. Nada a ver, portanto, com o telão atual de 300 m², montado na Piazza Grande diante de 8 mil espectadores. 

Festival de descobertas, estrearam em Locarno filmes de grandes nomes como Michelangelo Antonioni, Claude Chabrol, Eric Rohmer e, mais tarde, Abbas Kiarostami, Alexandre Sokourov, Todd Haynes, Jim Jarmusch, Jafar Panahi e Spike Lee.

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