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Terrorismo

Dois suspeitos de atentados na Catalunha são postos em liberdade condicional

Uma semana após os letais atentados na Catalunha, a Justiça espanhola colocou um segundo suspeito em liberdade condicional, deixando presos apenas dois membros da célula extremista.

Ambulância na área da Rambla após o ataque
Ambulância na área da Rambla após o ataque Josep LAGO / AFP
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O marroquino Salh el Karib, de 34 anos, foi solto após quatro dias sob custódia. A investigação não conseguiu provar que "o suspeito tinha outra relação com os membros da célula jihadista" a não ser a de lhes ter feito transferências "esporádicas" de dinheiro de sua loja, de acordo com a sentença judicial.

Mohammed Aalla, primeiro suspeito de pertencer à célula e dono de um carro usado nos atentados, foi solto na terça. As acusações que pesavam contra ele foram consideradas muito frágeis. Com isso, o núcleo duro da célula se reduziu para dez pessoas.

Duas foram indiciadas por assassinatos terroristas: Mohamed Houli Chemlal, de 20, ferido na explosão acidental do esconderijo do grupo; e Driss Oukabir, de 27, que alugou a van que atropelou a multidão na quinta-feira passada (17) na Rambla, em Barcelona. Os outros oito estão mortos.

Nesta quinta-feira, a polícia identificou formalmente os restos mortais do último deles, Yussef Aalla. O corpo foi encontrado sob os escombros do esconderijo em Alcanar, 200 quilômetros ao sul de Barcelona, onde os suspeitos preparavam os explosivos.

Sem seu arsenal, os extremistas usaram carros para atropelar multidões, como já havia acontecido nos atentados de Nice, Londres e Berlim.

Difícil de voltar

Depois da van que matou 13 pessoas em La Rambla, calçadão de Barcelona, cinco jovens em um Audi 3 atropelaram cinco pedestres em Cambrils, um balneário mais ao sul, antes de esfaquear uma mulher e ser abatidos pela polícia.

Um vídeo de uma câmera de segurança postado on-line pelo jornal catalão "Ara" mostra três deles - Hussain Abouyaaqoub, Moussa Oukabir e Omar Hichamy - fazendo compras em um posto de gasolina, algumas horas antes do atentado.

Reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), os dois ataques deixaram 15 mortos e mais de 120 feridos. Destes, sete se encontram em estado crítico. Nesta quinta, no entorno da Ramblas, tentava-se retomar a normalidade.

"O mais duro é o dia seguinte", desabafou o florista José Gomez, que viu passar a van branca que atropelou e matou 13 pessoas. "É difícil voltar aqui. Mas, agora, para dizer a verdade, eu me sinto bem melhor", afirmou.

"Estamos mais protegidos. Há mais seguranças, policiais...", comentou o turista italiano Gonario Sirca.

Os investigadores ainda procurar refazer o trajeto dos extremistas na Espanha e no exterior, assim como traçar seu perfil. O do imã marroquino Abdelbaki Es Satty, que teria doutrinado jovens da pequena cidade de Ripoll, aos pés dos Pirineus, começa a ganhar forma.

Imã no centro da célula

Depois de deixar a prisão por tráfico de drogas em 2014, ele tentou arrumar um emprego na Bélgica, em 2016. A mesquita de Diegem, perto de Bruxelas, recusou-se a aceitá-lo, em função da violência de suas pregações.

O prefeito de Diegem, Jean-Pierre De Groef, explicou que, segundo o presidente da mesquita, Abdelbaki Es Satty "não seguia o profeta, ele ia com mais violência e era mais extremado".

O imã quase foi expulso da Espanha, mas um juiz considerou, em 2015, que ele havia se integrado e não era "uma ameaça real e suficientemente grave para a segurança pública" para justificar essa medida, de acordo com a Justiça espanhola.

O religioso morreu na explosão da casa de Alcanar, onde estavam sendo armazenados os botijões de gás e os ingredientes do TATP, um explosivo de fabricação artesanal usado pelo EI. Ele praticaria um atentado suicida - relatou Mohamed Houli Chemlal, sobrevivente da explosão.

Em Madri, uma muçulmana foi agredida na quarta à noite "por duas ou três pessoas", que ainda não foram identificadas. Aos gritos de "Árabe de m...", ela foi atacada no peito, segundo a Polícia.

A comunidade muçulmana organizou várias marchas para denunciar o terrorismo. A última deles foi em Granada, no sudoeste da Espanha. Ainda assim, os atos islamofóbicos se multiplicam no país.

Nesta quinta, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, e o presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont, devem participar de uma cerimônia religiosa sincrética em memória das vítimas.

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