Sem Puigdemont, Justiça espanhola julga dirigentes e deputados separatistas
A Corte Suprema espanhola, em Madri, adiou a audiência que seria realizada nesta quinta-feira (2) com seis deputados separatistas catalães, julgados por rebelião. A nova sessão ocorrerá no dia 9 de novembro. Refugiado em Bruxelas, o líder Carles Puigdemont não compareceu à audiência na qual dirigentes independentistas são processados pela mesma razão.
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Nove dos 14 dirigentes independentistas convocados se apresentaram ao tribunal nesta manhã não fizeram declarações públicas. Eles estavam acompanhados por outros políticos independentistas que expressaram apoio aos réus.
O número 2 do governo catalão, Oriol Junqueras, foi o primeiro a chegar à audiência, sob os gritos de “Vocês não estão sozinhos”, pronunciados, em catalão, por dezenas de manifestantes que aguardavam do lado de fora.
Um dos cinco ausentes foi Puigdemont – que, da capital belga, denunciou um “processo político” contra o movimento pela independência da Catalunha. Ele declarou que não havia garantias judiciais para comparecer ao tribunal e já havia antecipado que não iria à sessão.
"Essas convocações acontecem em um processo sem base jurídica, que busca apenas punir ideias", denunciou Puigdemont, em um comunicado. O político de 54 anos explicou que alguns de seus conselheiros responderiam à convocação como "denúncia da falta de garantias do sistema judicial espanhol e de sua vontade de perseguir ideias políticas". "Ele propôs um interrogatório aqui na Bélgica", explicou ao canal público catalão TV3 o advogado belga Paul Bekaert.
Penas de até 30 anos de prisão
O procurador-geral do Estado pede que os líderes independentistas sejam condenados por desvio de recursos públicos, sedição e rebelião – os últimos dois crimes são passíveis de até 30 anos de prisão. O procurador os acusa de ter estimulado “um movimento de insurreição ativa” na população catalã para chegar à secessão, ignorando as decisões judiciais sobre a proibição da organização de um referendo de autodeterminação, realizado ilegalmente no dia 1º de outubro.
A poucos metros da Audiência Nacional, o Tribunal Supremo da Espanha adiou em uma semana, para 9 de novembro, os depoimentos de seis ex-deputados catalães suspeitos de rebeldia e sedição pela proclamação da independência da Catalunha, em 27 de outubro. Entre os presentes no Supremo estava a ex-presidente do Parlamento regional, Carme Forcadell.
A proclamação da república catalã recebeu uma resposta firme do governo central do primeiro-ministro Mariano Rajoy: a destituição do Executivo catalão e a dissolução do Parlamento regional.
Dos 20 acusados, o único não independentista, Joan Josep Nuet, acusou Puigdemont de irresponsabilidade e citou o temor de que todos acabem detidos por culpa dele, como aconteceu com dois líderes de organizações cívicas independentistas, "os Jordis", Jordi Cuixart e Jordi Sánchez. Nuet, que é deputado, tem que prestar depoimento como integrante da mesa do Parlamento que permitiu a tramitação da declaração de independência.
Com informações da AFP
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