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Europa

“Carniceiro dos Balcãs” é condenado à prisão perpétua

O ex-líder militar sérvio-bósnio, Ratko Mladić, foi condenado à prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, nesta quarta-feira (22). O homem que foi apelidado de "o carniceiro dos Balcãs" foi sentenciado por dez acusações de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade.

Ex-general sérvio é condenado por genocídio na Bósnia
Ex-general sérvio é condenado por genocídio na Bósnia REUTERS/Peter Dejong/Pool
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Durante o julgamento, Ratko Mladić pediu uma pausa alegando problemas de pressão arterial e depois voltou à sessão. Os advogados dele solicitaram a suspensão da audiência, mas o pedido foi negado pelos juízes. O acusado então fez um escândalo e foi retirado do tribunal. Mladić não estava presente quando o veredicto foi declarado.

É "uma grande vitória para a justiça", disse o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, que serviu com a Força de Proteção da ONU, na ex-Igoslávia, entre 1994 e 1996.

Genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra

Ratko Mladić se via como um herói do povo sérvio, mas seu nome ficará para sempre associado aos crimes da guerra na Bósnia, do cerco de Sarajevo até o massacre de Srebrenica.

Detido em 2011 após 16 anos foragido, o militar corpulento e arrogante virou um idoso doente. Mas seu julgamento não mudou a forte convicção, expressa em sua primeira aparição no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia em Haia: "Sou o general Mladic. Defendi meu país e meu povo".

O militar, um homem colérico e brutal para alguns, alegre e extravagante para outros, declarou uma vez que "as fronteiras sempre foram traçadas com sangue, e os Estados, delimitados pelos túmulos".

Mladić é considerado o terceiro arquiteto da limpeza étnica em um conflito interétnico que deixou mais de 100 mil mortos e 2,2 milhões de refugiados 1992 e 1995.

Órfão de pai camponês morto nas mãos dos croatas pró-nazistas, integrou o Exército iugoslavo. No início da guerra, após ter combatido os croatas, mudou-se para Sarajevo, onde dirigiu o cerco de quase quatro anos que devastou a cidade.

Ídolo de muitos

Apesar de tudo, em Belgrado ainda se pode comprar camisetas com o rosto do general, e seus partidários continuam a apresentá-lo como um soldado camponês amante de sua terra, respeitoso dos códigos de honra da guerra, cujos únicos objetivos eram uma Iugoslávia unida e a proteção de "seu" povo contra os chamados "turcos" - os bósnios muçulmanos.

A descrição foi rejeitada em Haia pelo procurador Alain Tieger, que pediu prisão perpétua para Mladić. "Sua preocupação não era que os muçulmanos pudessem criar um Estado. Sua preocupação era fazê-los desaparecer por completo", alegou.

"Sua guerra foi uma guerra covarde", escreve o jornalista britânico Tim Judah, em sua obra "The Serbs" (Os sérvios), acrescentando que, salvo alguns combates reais, ele se dedicou, sobretudo, a expulsar "centenas de milhares de pessoas desarmadas de suas casas".

Em 1995, Ratko Mladić dirigiu o massacre de Srebrenica, considerado como o pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, motivo pelo qual foi acusado de genocídio.

  

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