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UE renova licença do herbicida glifosato por mais cinco anos

Os Estados-membros da União Europeia votaram nesta segunda-feira (27) pela prolongação da licença do herbicida glifosato, conhecido no Brasil como Round Up, por mais cinco anos, provocando a fúria das ONGs de proteção ao meio-ambiente e do governo francês.

Glifosato: militantes do meio-ambiente protestam em Bruxelas contra a extensão da licença do glifosato.
Glifosato: militantes do meio-ambiente protestam em Bruxelas contra a extensão da licença do glifosato. REUTERS/Yves Herman
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A votação favorável à prolongação da licença do glifosato surpreendeu a todos, quando faltavam apenas três semanas para a expiração da sua autorização. Os votos da bancada alemã, que se aliou à proposta da Comissão Europeia, fizeram toda a diferença.

Desta vez, 18 países votaram a favor da prolongação por cinco anos – contra 14 na votação anterior – permitindo a aprovação por uma margem apertada, uma maioria que representa 65% da população da União.

O peso do voto alemão

Segundo uma fonte próxima aos alemães, Berlim haveria exigido modificações no texto proposto, fazendo emendas com restrições ao uso privado do glifosato e lembrando o respeito pela biodiversidade.

A ministra alemã do Meio Ambiente, Barbara Hendricks, membra do Partido Social Democrata (SPD), chegou a se emocionar num comunicado após a votação. Oposta à prolongação da licença do glifosato, a ministra não conseguiu demover seu homólogo da Agricultura, do partido conservador (CSU), que votou a favor do herbicida.

“Estava claro para mim que a Alemanha deveria se abster”, disse Hendricks.

Reação da França

Os mesmos nove países que já haviam dito “não” na primeira votação, em 9 de novembro, mantiveram as suas posições, segundo uma fonte que analisou a votação a portas fechadas.

Paris, por sua vez, deixou clara a sua posição: “A França pretende continuar, com outros Estados membros, a fazer pressão para que a Comissão Europeia conduza estudos suplementares sobre a periculosidade do produto e sobre as alternativas para os agricultores”, informou o gabinete do primeiro-ministro Édouard Philippe.

Já o presidente da França, Emmanuel Macron, reafirmou a sua vontade de interditar o glifosato em território francês “em, no máximo, três anos”, dizendo ainda que seu governo lamentava o resultado da votação que autorizou a utilização “desse herbicida controverso” por mais cinco anos.

OMS versus UE

Os debates sobre o glifosato têm sido intensos desde que o herbicida foi considerado como “provavelmente cancerígeno” em maio de 2015 pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, um órgão da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Comissão Europeia, por sua vez, tem se apoiado no sinal verde dado pelas agências científicas da UE (a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar e a Agência Europeia das Substâncias Químicas) que até hoje não classificaram a substância como cancerígena em nenhum dos seus estudos.

Acusações de influência sobre os estudos científicos, exercidas pela indústria fitossanitária e pela empresa norte-americana Monsanto, fabricante do glifosato, têm acirrado ainda mais os debates.

(Com agência AFP)  

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