França comemora 50 anos da lei que autoriza uso de pílula anticoncepcional
Há 50 anos, a França legalizava o uso da pílula anticoncepcional. Em 19 de dezembro de 1967, somente após sete anos do início da comercialização do contraceptivo, nos Estados Unidos, é que o governo francês liberou a prescrição do medicamento.
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Um momento vivido como de libertação para muitas mulheres dos anos 70, anteriormente condenadas a calcular seus dias férteis na tentativa de estabelecer algum tipo de contracepção.
"Essa lei permitiu a liberação sexual para as mulheres, diz Caroline Rheby, co-presidente de uma entidade de planejamento familiar. “Foi também a liberdade de ser capaz de fazer sexo livremente sem ter o peso da carga mental de não ter filhos sem planejamento”, declarou a especialista.
Desinteresse pela pílula
Meio século depois, a pílula pode ainda ser o contraceptivo mais utilizado, mas muitas francesas recusam o método devido aos seus efeitos colaterais. Segundo a Agência Sanitária Francesa de Saúde Pública, pesquisas apontam uma queda na utilização da pílula no país. Em 2010, 40,5% das mulheres utilizavam o medicamento, contra 36,5% em 2016.
Em 2012, as informações sobre os riscos cardiovasculares da pílula anticoncepcional ganharam destaque no país. Atualmente, muitas mulheres jovens afirmam não quererem assumir sozinhas a contracepção e dividem a responsabilidade com seus parceiros.
“Esse medicamento é um perturbador endocrinológico”, afirma Sabrina Debusquat, autora do bestseller “J’arrête la pilule” (Vou parar de tomar a pílula, em tradução livre). Debusquat realizou uma pesquisa com 4 mil mulheres francesas. Dentre as principais problemas relatados pelas esntrevistadas, estão as famosas dores de cabeça, diminuição da libido, fungos, ganho de peso e depressão.
Pílula para os homens?
Os efeitos colaterais sempre existiram, eles eram ainda mais frequentes nas primeiras gerações da droga. "Normalmente, o modelo de contracepção é o uso preservativos no início da vida sexual, a pílula quando você tem uma vida sexual estável e o DIU após o segundo filho", explica pesquisador e coautor do livro “La Sexualité en France” (A sexualidade na França).
A socióloga Nathalie Bajos acredita que esse modelo é um paradoxo "entre uma vida afetiva e sexual que mudou profundamente graças à contracepção, ao aumento da escolaridade feminina e ao trabalho assalariado das mulheres. E, ao mesmo tempo, um modelo contraceptivo que não mudou muito ", explica Bajos.
As mulheres agora querem compartilhar a contracepção com seus parceiros. Porém, reversível ou não, a esterilização masculina continua sendo um tabu.
"Devemos envolver mais os homens e diversificar os métodos contraceptivos”, acredita Nathalie Bajos. Ela afirma que é necessário pensar em maneiras de se fazer a contracepção que não sejam apenas por medicamentos. Na França, 4,5 milhões de mulheres usam o medicamento.
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