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Acordo Mercosul-UE pode fracassar se europeus não apresentarem nova oferta agrícola

A nova tentativa para finalizar o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul ganha destaque na imprensa francesa nesta terça-feora (30). Os negociadores europeus e latino-americanos têm encontro marcado hoje em Bruxelas, mas a questão agrícola continua dividindo os dois blocos e dificultando um compromisso, informa Les Echos.

Bruxelas sedia as reuniões da nova tentativa para finalizar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
Bruxelas sedia as reuniões da nova tentativa para finalizar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Fotomontagem RFI Les Echos
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Para tentar superar os obstáculos que impedem a conclusão do acordo, as discussões pelo lado europeu serão lideradas por dois comissários: a representante para o Comércio, Cecilia Malmaström, que será auxiliada pelo colega da Agricultura e Desenvolvimento, Phil Hogan. O tratado entre os dois blocos vem sendo negociado há quase 20 anos e as discussões foram relançadas em 2010.

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai querem que a União Europeia abra um pouco mais seu mercado comum para produtos agrícolas latino-americanos, lembra o jornal econômico. Na última rodada de negociações, em dezembro, Bruxelas propôs importar a cada ano, com taxas aduaneiras reduzidas, 70 mil toneladas de carne, 600 mil toneladas de etanol e 100 mil toneladas de açúcar suplementares, provenientes dos quatro países. Mas a proposta foi considerada insuficiente pelo Mercosul e a conclusão do acordo adiada mais uma vez.

Posição brasileira

Les Echos destaca principalmente os pontos que impedem o pacto na visão de Brasília. O correspondente do diário, Thierry Ogier, faz uma matéria explicando a posição brasileira. Ele diz que a agricultura no Brasil é uma “máquina de exportação”.

Apesar do escândalo da carne franca, no ano passado, e as várias suspensões de importação do produto impostas por vários países, como a França, o setor agropecuário brasileiro conseguiu aumentar suas exportações de carne bovina em 9% em 2017. O país espera este ano, graças ao aumento das cotas previstas no acordo com a União Europeia, uma alta de 10% nessas exportações. Por isso, as 70 mil toneladas suplementares, que incluem também Argentina, Paraguai e Uruguai, são consideradas insuficientes pelo “rolo compressor” que é a indústria da carne brasileira. O frango e a carne de porco também são pontos sensíveis.

O embaixador do Paraguai ao lado da União Europeia, Rigoberto Gauto Vielman, entrevistado pelo Les Echos, adverte que se uma nova oferta agrícola significativa não for apresentada hoje, o pacto não será alcançado. O Paraguai ocupa atualmente a presidência rotativa do Mercosul.

Europeus esperam abertura de mercado

Já os europeus esperam que o bloco latino-americano aumente sua oferta de abertura de mercado ao vinho, laticínios e automóveis da União Europeia. “Nossa vontade é concluir, rapidamente, um acordo comercial ambicioso,” garante a comissária Cecilia Malmaström.

Mas a resistência do setor agrícola europeu é grande. O Mercosul já representa quase 3/4 da carne importada pela União Europeia e esse tratado de livre comércio, que seria maior e mais importante do que os acordos com o Canadá ou o Japão, inquieta os agricultores europeus. Eles acham que Bruxelas já cedeu muito, sem maiores contrapartidas.

O setor agrícola francês, um dos maiores do bloco, não entende a mudança de opinião do presidente Emmanuel Macron. Inicialmente crítico às condições propostas pelo acordo, o líder francês disse na última sexta-feira (26), durante visita do presidente argentino Mauricio Macri a Paris, acreditar que o tratado trará benefícios para os dois blocos e pediu sua rápida conclusão.

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