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May tenta minimizar relatório sobre consequências devastadoras do Brexit

O governo conservador britânico tentava nesta terça-feira (30) minimizar os efeitos de um relatório oficial que vazou à imprensa e admite que o Reino Unido perderá economicamente em todos os planos com a saída da União Europeia (UE).

A primeira-ministra britânica, Theresa May.
A primeira-ministra britânica, Theresa May. REUTERS/Toby Melville
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O relatório oficial, divulgado pelo site Buzzfeed News, foi elaborado em janeiro de 2018 e examina três cenários econômicos possíveis. Em todos eles, os britânicos saem perdendo.

O vazamento do documento aconteceu poucas horas antes do início da análise do projeto de lei de saída da UE pela Câmara dos Lordes, texto que foi aprovado pela Câmara dos Comuns em 17 janeiro e no qual alguns parlamentares pedem a inclusão de um segundo referendo sobre a questão.

A deputada trabalhista Chris Leslie, que fez campanha defendendo a permanência dos britânicos no bloco, considera que o governo May não tem o mandato necessário para levar adiante um Brexit tão "duro e destrutor". "Ninguém votou para piorar sua própria situação ou de sua família", declarou a deputada.

Três possibilidades, poucas vantagens

De acordo com o estudo, se o país permanecer no mercado único europeu – uma possibilidade descartada pela primeira-ministra Theresa May – o crescimento da economia britânica seria 2% inferior nos próximos 15 anos. Noruega, Islândia e Liechtenstein possuem acordos dessa natureza com o bloco europeu.

No caso de um acordo de livre comércio com o bloco, o crescimento da economia britânica seria 5% inferior ao longo do mesmo período. No entanto, se abandonar a UE sem acordo e iniciar uma relação comercial segundo as regras que valem para qualquer terceiro país, a economia britânica deixaria de crescer 8%.

O relatório assinala que os acordos concluídos com outros países externos à União Europeia permitiriam agregar 0,4% ao crescimento britânico a longo prazo.

May busca minimizar impacto

O porta-voz da primeira-ministra Theresa May afirmou que esta é uma "versão inicial e provisória" de um documento com "um número importante de reservas" e que é necessário mais tempo para sua aprovação. O relatório não leva em conta as soluções que Londres vem elaborando para construir uma relação sob medida com a União Europeia, sublinhou o porta-voz.

O secretário de Estado britânico encarregado do Brexit, Steve Baker, também destacou que o artigo do site Buzzfeed News era "uma interpretação seletiva de uma análise preliminar". Baker, que é adjunto do ministro do Brexit, David Davis, disse que o vazamento teve o objetivo de prejudicar a saída do país da União Europeia.

Transição pós-Brexit

Ontem, a União Europeia aprovou sua posição para negociar a fase de transição pós-Brexit. O bloco quer a manutenção da contribuição britânica ao orçamento europeu, porém sem que os britânicos tenham poder de decisão. A UE propõe, assim, um período de transição de 21 meses, cujo encerramento cairia na mesma data do fim da atual contribuição financeira plurianual, em 2020. Esse prazo, contudo, é menor que os dois anos defendidos pela primeira-ministra Theresa May.

Do outro lado do Canal da Mancha, a rejeição foi imediata. Os britânicos temem se tornar simples vassalos dos 27 no momento de deixar a UE.

Sem voz, nem voto

Segundo as diretrizes aprovadas nesta segunda-feira, durante este período, "o Reino Unido deve continuar ligado pelas obrigações derivadas dos acordos celebrados pela União", mas "já não deve participar de nenhum organismo criado por tais acordos".

Nas palavras da vice-primeira-ministra búlgara, Ekaterina Zaharieva, cujo país exerce a presidência rotativa do bloco, "todas as regras da UE serão aplicadas ao Reino Unido", que não vai participar "nas instituições do bloco, nem da tomada de decisões".

"Quando o Reino Unido deixar a UE, já não terá voz, nem voto", disse a ministra irlandesa de Assuntos Europeus, Helen McEntee, para quem os 27 sócios de Londres buscam preservar, assim, a "integridade do mercado único e a união aduaneira".

O negociador-chefe europeu, Michel Barnier, que deve enfrentar agora a segunda fase de negociações do Brexit após o acordo sobre os termos de separação alcançado em dezembro, abriu a porta para uma participação "limitada, excepcional, baseada caso a caso" do Reino Unido nas reuniões do bloco.

O objetivo desta transição, durante a qual o Reino Unido continuaria a pertencer a esses dois espaços econômico-comerciais, apesar de não ser um membro da UE, é conseguir um divórcio suave enquanto se estabelecem as bases da futura relação comercial.

Durante a transição, Londres poderá discutir acordos comerciais com outros países, mas eles só podem começar a valer a partir de 2021, segundo Barnier.

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