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Mercosul/UE

Uniao Europeia e Mercosul negociam contra o relógio

Uma nova tentativa para finalizar o acordo entre União Europeia e Mercosul reuniu ministros das Relações Exteriores do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e os comissários europeus de Comércio, Cecília Mallmström, e de Agricultura, Phil Hogan, nestas segunda (29) e terça-feira (30), em Bruxelas.

"Mercosul, um presente para multinacionais": protesto de fazendeiros belgas durante encontro de ministros da Agricultura em Bruxelas, na Bélgica, em 29 de janeiro de 2018.
"Mercosul, um presente para multinacionais": protesto de fazendeiros belgas durante encontro de ministros da Agricultura em Bruxelas, na Bélgica, em 29 de janeiro de 2018. REUTERS/Francois Lenoir
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Leticia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Segundo o governo brasileiro, “todos estão engajados em chegar a um consenso. Os dois lados indicaram que podem melhorar suas ofertas”. Novas propostas serão discutidas, a nível técnico, na próxima rodada de negociações, do dia 2 a 8 de fevereiro, em Bruxelas.

Um anúncio de acordo não era esperado nesta reunião ministerial.  Mas existe um clima de esperança que nos próximos dias UE e Mercosul  consigam um avanço real na barganha para finalmente concluir o acordo de livre comércio birregional, depois de quase duas décadas de negociações. Um dos grandes entraves continua sendo a resistência europeia em ampliar as cotas de importação de carne bovina da América do Sul. 

No jantar oferecido aos ministros do Cone Sul, a União Europeia anunciou que aumentaria a cota para entrada de carne bovina do Mercosul de 70 para 99 mil toneladas com tarifa menores. Em negociações anteriores, os europeus chegaram a oferecer 100 mil toneladas, mas retiraram a oferta. A demanda dos sul-americanos é poder exportar 200 mil toneladas por ano para a Europa, um valor considerado inaceitável para países como França, Irlanda e Polônia. Além da carne, o Mercosul também quer maior abertura do mercado europeu para o etanol e o trigo.

Ambos os lados tem pressa. Os negociadores estão trabalhando contra o relógio para que consigam chegar a um acordo antes do início da campanha eleitoral no Brasil, marcada para o mês de março. Um clima de “é agora ou nunca” permeia as negociações. Na semana passada, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Mallmström afirmou que “a janela de oportunidade vai se fechar em breve porque o Brasil está basicamente se fechando para as eleições. E se perdermos esta chance, vamos precisar de muitos e muitos anos a mais de negociações”.

Se a Europa aceitar comprar mais carne do Mercosul a tarifas baixas, o bloco sul-americano promete abrir mais o seu mercado aos produtos industrializados da União Europeia, como automóveis, textêis e calçados, além de produtos agrícolas.

Representando cerca de 23 milhões de fazendeiros da União Europeia, o diretor da Copa-Cogeca, Daniel Azevedo, reiterou à RFI Brasil que “o bloco europeu não deveria aumentar ainda mais a sua oferta agrícola aos países do Mercosul pois muitas concessões já foram feitas.” 

Europa dividida

A Europa se mantêm dividida. Enquanto alguns países insistem em acelerar a conclusão do acordo, outros preferem estar atrelados a uma agenda agrícola protecionista. É o caso da Irlanda e da França, um dos países que mais protege os agricultores dentro do bloco europeu. Já a Alemanha, Itália e Espanha insistem que os interesses das exportações europeias não podem ser refém das fazendeiros do bloco.

A UE é o principal parceiro dos países do Mercosul, que representam um mercado de 260 milhões de consumidores. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o volume de exportações da UE ao Mercosul chega a uma média de 66 bilhões de euros por ano. A previsão é de que esse valor duplique com a criação de regras mais flexíveis de comércio.

No caso do Brasil, os ganhos com o acordo devem gerar um salto de 3 % a 4% no Produto Interno Bruto, com a entrada de mercadorias nacionais no bloco europeu, onde vivem 500 milhões de consumidores.

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