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Alemanha

Merkel banca acordo bilionário para concluir coalizão com sociais-democratas

Após árduas negociações, a coligação conservadora da chanceler Angela Merkel, que reúne os partidos União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã na Baviera (CSU), conseguiu fechar um acordo com o Partido Social-Democrata (SPD) para a formação de um governo de coalizão.

A imprensa alemã anunciou a conclusão de um acordo de governo entre conservadores e sociais-democratas, o que deve dar a Angela Merkel um quarto mandato à frente do país.
A imprensa alemã anunciou a conclusão de um acordo de governo entre conservadores e sociais-democratas, o que deve dar a Angela Merkel um quarto mandato à frente do país. REUTERS/Axel Schmidt
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A informação foi divulgada na manhã desta quinta-feira (7) pelo canal de televisão público ARD, a revista Der Spiegel e o jornal Bild. O anúncio oficial deve acontecer nas próximas horas.

O compromisso irá custar no mínimo € 46 bilhões nos próximos quatro anos: € 10 bilhões em reduções de impostos e € 36 bilhões em despesas, um montante citado pela chanceler há alguns dias. Quando as negociações ainda patinavam, Merkel deixou transparecer que havia margem de manobra para elevar a proposta, já que as projeções de crescimento do país foram revistas e passaram de 1,9% para 2,4% em 2018. O SPD batalhou para obter mais investimentos em educação, contratações na polícia e reajustes nos programas sociais, incluindo na área de habitação.

A primeira economia da Europa tem certamente condições de bancar um aumento de despesas, depois de registrar um excedente comercial recorde de € 250 bilhões no ano passado e baixo nível de desemprego (5,4% em janeiro). Mas para boa parte do empresariado e dos adeptos de uma política de rigor no controle das despesas públicas, as exigências do SPD vão além da conta. O presidente do Tribunal de Contas, Kay Scheller, dizia à imprensa alemã na semana passada não ver "como o governo poderá financiar esses projetos a longo prazo".

Aos 63 anos, Merkel caminha para um quarto mandato à frente da quarta potência mundial. Ontem, quando as partes ainda travavam uma queda de braço para acertar os últimos detalhes do acordo, ela disse aos alemães que a grande coalizão iria custar caro e exigir muitas concessões. Conservadores e sociais-democratas discordavam sobre a divisão do ministério, a reforma da saúde e a regulamentação dos contratos de trabalho temporários.

O SPD deve ocupar ministérios importantes, como o das Finanças e das Relações Exteriores, segundo a imprensa, assim como o de Assuntos Sociais. O compromisso, no entanto, ainda precisa passar por uma votação dos militantes do partido, liderado por Martin Schulz, que deve acontecer nas próximas semanas. O resultado da consulta, que deve ser anunciado em março, é considerado incerto.

Jovem socialista do SPD pressiona caciques

Os conservadores passaram quase cinco meses, desde as eleições legislativas de setembro, para conseguir costurar uma aliança estável no Parlamento. Em uma primeira tentativa, Merkel tentou formar uma coalizão com ambientalistas e liberais, mas as divergênciais entre esses dois parceiros potenciais, e especialmente a intransigência do Partido Democrático Liberal (FDP), frustrou o processo.

Para evitar a formação de um governo minoritário, ou um retorno precipitado às urnas, os conservadores se voltaram mais uma vez para os sociais-democratas, parceiros no último governo (2013-2017). No entanto, a base do SPD, e principalmente a ala jovem, liderada pelo estudante de ciências políticas Kevin Kuhnert, de 28 anos, chefe dos Jovens Socialistas de Berlim, obrigou os velhos caciques a negociar um compromisso ambicioso. "Após 12 anos de poder de Angela Merkel, oito passados ao lado do SPD, nosso partido passou de 35% a 20% de votos nas eleições", argumenta Kuhnert, para justificar sua oposição a uma nova grande coalizão.

Se por um lado conservadores e sociais-democratas estão de acordo com o princípio da reforma das instituições europeias proposto pelo presidente francês, Emmanuel Macron, por outro lado, o SPD resistiu a aceitar o aumento das despesas militares da Alemanha na Otan, uma cobrança do presidente americano, Donald Trump.

Outro desafio nas negociações foram questões de política interna. Os sociais-democratas pediram uma redução das desigualdades entre os fundos de seguro público e privado que reembolsam os gastos de saúde dos alemães e a redução do número de contratos de trabalho temporários, que representam atualmente 40% das novas contratações.

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