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Alemanha/Angela Merkel

Merkel inicia 4° mandato na Alemanha fragilizada

Angela Merkel foi reeleita nesta quarta-feira (14) para um quarto mandato na Alemanha pelo Bundestag, o parlamento do país. Merkel recebeu 364 votos, nove a mais do que a maioria necessária, mas 35 a menos do que sua bancada formada por conservadores e sociais-democratas. 315 deputados votaram contra e nove se abstiveram. O resultado é mais uma prova da fragilidade desse quarto governo de Merkel, que começa após seis meses de crise política e as dificuldades para a formação de uma nova coalizão.

Angela Merkel e o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, durante a cerimônia de recondução da chanceler no cargo, nesta quarta-feira 14 de março de 2018, em Berlim.
Angela Merkel e o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, durante a cerimônia de recondução da chanceler no cargo, nesta quarta-feira 14 de março de 2018, em Berlim. REUTERS/Fabrizio Bensch
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A reeleição de Merkel já era esperada e os franceses desta quarta-feira destacam o início do quarto mandato da chanceler alemã. Um novo governo cheio de armadilhas escreve Le Figaro em sua manchete de primeira página. A reeleição no Bundestag, o parlamento da Alemanha, acontece quase seis meses após as eleições legislativas de 24 de setembro, uma demora que fragiliza a coalizão formada para dirigir o país, alerta o jornal conservador.

A chanceler espera conseguir virar a página da mais longa crise da democracia alemã do pós-guerra. Esta será a terceira vez que Merkel vai encabeçar uma grande coalizão formada por conservadores e sociais-democratas. Mas agora o equilíbrio é instável, diz Le Figaro. O partido conservador da chanceler, o cristão-democrata CDU, venceu as eleições, mas obteve o pior resultado desde 1949: 32,9%. O jornal informa que Merkel, que é contestada por integrantes de seu próprio movimento, terá que compor com os descontentes do partido social-democrata, SPD, contrários à coalizão. Ainda por cima, ela terá que enfrentar os deputados do partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que entraram pela primeira vez no parlamento.

"Foi Merkel que dividiu o país", acusou o líder do AfD, Alexander Gauland, prometendo uma oposição total à política da chanceler neste quarto mandato. O presidente Emmanuel Macron quer aproveitar dessa fragilidade para tentar ocupar a chefia na parceria estratégia franco-alemã e colocar a França na liderança do bloco europeu, acredita Le Figaro.

Quarto e último mandato

Este é o quarto e também o último mandato de Merkel, “que inicia o crepúsculo de sua tetralogia politica”, escreve Libération. O jornal de esquerda analisa que a nova coalizão foi formada com muita dificuldade e que o novo governo alemão começa em um clima de final de reinado.

Com a crise pós-eleitoral, novos nomes, adversários ou substitutos potenciais, emergiram em torno de Angela Merkel. Antigamente, a então toda poderosa chanceler alemã não deixava entrar no governo seus inimigos, ela os descartava, lembra Libé. As coisas mudaram, ela está fragilizada e teve, por exemplo que nomear um de seus mais virulentos adversários, Jens Spahn, para o ministério da Saúde.

Política migratória

O cientista politico Marcel Dirsus, da Universidade de Kiel, entrevistado pelo jornal, acredita inclusive que Merkel, acuada pelos opositores, não ficará no poder até o final desse quarto mandato. Sua política migratória, favorável a acolhida de refugiados e uma das responsáveis pelo recuo do CDU nas urnas, sairá prejudicada nesse novo mandato, prevê Libération.

A expectativa é grande quanto ao novo ministro das Finanças e número dois do governo alemão, o social-democrata Olaf Scholz, principalmente em relação as suas propostas sobre a reforma da União Europeia. Treze anos depois de sua chegada ao poder na Alemanha é difícil avaliar o balanço do “monstro político” que é Angela Merkel, uma excelente administradora, mas pouco visionária, conclui Libération.

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