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Rússia

Com onze fusos horários diferentes, Rússia já começou a votar

Os quase 110 milhões de eleitores russos começaram a ir às urnas para escolher o próximo presidente. Todas as pesquisas apontam para a vitória de Vladimir Putin. Aos 65 anos, no poder desde 1999, ele deverá conquistar um quarto mandato já no primeiro turno.

Voto começou no lado mais oriental da Rússia e vai durar 22 horas.
Voto começou no lado mais oriental da Rússia e vai durar 22 horas. REUTERS/Yuri Maltsev
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Enviado especial a Moscou

Em razão do tamanho do país, a votação vai durar 22 horas, entre o primeiro voto no extremo oriente até o fechamento da última urna, em Kaliningrado. As sessões eleitorais abriram às 8h deste domingo em Petropavlovsk-Kamchatsky, na costa do Pacífico (17h em Brasília). A votação termina às margens do mar Báltico, às 16h pelo horário brasileiro. As primeiras projeções de resultados devem ser divulgadas logo em seguida.

Apesar dessa particularidade, o pleito deve reservar poucas surpresas, já que todas as pesquisas, mesmo se realizadas por institutos próximos do governo, apontam para uma vitória esmagadora de Putin. Ele teria cerca de 70% dos votos, dez vezes mais que o possível segundo lugar, que iria para o candidato do Partido Comunista, Pavel Groudinine.

O único mistério para esse pleito é a taxa de participação. Afinal, como há meses todos dizem que a eleição já está decidida, muitos russos pretendem ficar em casa nesse domingo. É o caso do motorista Viktor, da periferia de Moscou, que vai aproveitar o dia para descansar. “Não adianta nada votar, pois tudo já está decidido”, comenta. “Além disso, mesmo que eu fosse obrigado, não saberia para quem dar meu voto, pois os outros candidatos não me inspiram. O ultranacionalista Vladimir Jirinovski [em terceiro lugar nas pesquisas] é um louco, Ksenia Sobtchak [que não deve ultrapassar os 2% apesar de sua presença na mídia] é uma piada. Não sobra ninguém”, contabiliza o motorista.

A constatação de Viktor parece simplista, mas resume bem a situação neste domingo. O único que poderia inverter a situação seria Alexei Navalny. Mas como ficou fora do páreo, impedido de se candidatar pela Justiça, ele vai se contentar neste domingo em mobilizar seus partidários para acompanhar o pleito e evitar as fraudes.

Do lado da Rússia Unida, o partido de Putin, a preocupação principal é a taxa de participação. A máquina do regime está convocando eleitores em todo o país, seja por meio de uma campanha publicitária intensa ou por telefonemas insistentes para que os russos cumpram seu dever cívico. Segundo o jornal Novaia Gazeta, nas universidades, professores estariam incitando os estudantes a votar, sob a ameaça de notas baixas ou até mesmo a exclusão em caso de abstenção.

Mesmo se o voto não é obrigatório, aqueles que trabalham em repartições públicas não tiveram muita escolha: há semanas eles vêm sendo pressionados a colocar seus nomes em listas e, neste domingo, muitos serão levados, de ônibus, para votarem ao mesmo tempo. Tudo para evitar que um forte índice de abstenção afete a legitimidade do pleito.

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