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Linha Direta

A um ano do Brexit, negociações para Reino Unido deixar UE seguem emperradas

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Em 29 de março de 2019, o Reino Unido deixará oficialmente de fazer parte da União Europeia. As negociações para o Brexit começaram há oito meses, mas os dois lados parecem longe de um acordo. Questões como o acesso dos britânicos ao mercado comum europeu e a fronteira com a Irlanda ainda emperram as conversas. 

Daqui a exatamente um ano, em 29 de março de 2019, o Reino Unido vai deixar oficialmente de fazer parte da União Europeia.
Daqui a exatamente um ano, em 29 de março de 2019, o Reino Unido vai deixar oficialmente de fazer parte da União Europeia. REUTERS/Hannah McKay
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Maria Luisa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

A data da saída parece ser uma das poucas informações concretas que os britânicos têm a respeito desse processo. Outra certeza é que em outubro o Parlamento espera ter nas mãos uma proposta do governo com as condições para o Brexit, e assim aprovar ou não qualquer possível acordo que o Reino Unido fizer com a União Europeia até lá. 

Essa é a maior fonte de frustração e ansiedade dos britânicos: as negociações entre os dois lados, que começaram em junho do ano passado, parecem uma grande novela na qual nem os próprios protagonistas conhecem o roteiro.

Os 48% dos britânicos que votaram pela permanência no bloco europeu estão exasperados desde o referendo. E os 52% que optaram pelo Brexit e conquistaram o que queriam agora se sentem decepcionados pela lentidão do processo e, principalmente, por terem se dado conta de que muitas das promessas da campanha não vão se concretizar. 

Além disso, há também uma descrença geral nos políticos que estão conduzindo as negociações, principalmente a primeira-ministra, Theresa May, o ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, e o ministro para o Brexit, David Davies. Mas tanto o governo quanto o principal partido de oposição, o Trabalhista, garantem que esse é um processo sem volta. 

O que há de concreto

Há alguns avanços, mas algumas das grandes questões ainda estão emperradas. Os dois lados concordaram que depois da saída haverá um período de transição de quase dois anos para que o Reino Unido organize suas finanças, suas leis e a situação de seus cidadãos. 

O governo britânico concordou em proteger os direitos dos europeus que já residem no Reino Unido ou que entrarem no país até 2019. O mesmo vale para os britânicos que moram em outros países da União Europeia. 

O Reino Unido também deu o braço a torcer e acabou concordando em pagar uma espécie de “multa” para sair do bloco, algo que ficou conhecido como a “conta do divórcio” e que custará ao país cerca de 39 bilhões de libras (mais de R$ 180 bilhões). 

Outra questão que parecia resolvida é a da fronteira entre a República da Irlanda, que é da União Europeia, e a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido. É a única fronteira terrestre do país e hoje há um livre trânsito. Theresa May tinha prometido que não seria instalado um controle rígido na fronteira, mas tudo vai depender do que ficar resolvido em relação ao acesso dos britânicos ao mercado comum europeu. Esse é um ponto que está longe de estar avançando nas negociações.

Facebook influenciou o Brexit?

Nesta semana, o canadense Christopher Wylie, ex-funcionário da empresa Cambridge Analytica - que está no centro do escândalo envolvendo violação de dados pessoais no Facebook -, acusou a campanha pela saída dos britânicos do bloco europeu de ter usado a mesma artimanha para direcionar propaganda aos usuários da rede social. Houve também acusações de financiamento indevido. 

No entanto, o governo e o Partido Trabalhista parecem determinados a seguir adiante com o Brexit porque entendem que essa foi a vontade da maioria dos britânicos no referendo de 2016. Mas em tese o processo ainda poderia ser suspenso. 

Nada indica que o governo tenha sido abalado por esse escândalo, apesar de alguns de seus membros, como Boris Johnson, terem sido ativamente parte da campanha pela saída. O Parlamento já vinha investigando a questão do uso indevido de dados pessoais de usuários por parte das redes sociais. 

Christopher Wylie que levou para a imprensa o caso Cambridge Analytica prestou depoimento nesta semana à comissão parlamentar britânica que está conduzindo a investigação. Mas ainda não se sabe se as conclusões servirão para alterar alguma coisa no processo do Brexit. 
 

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