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Alemanha, Colonialismo, África

Berlim muda nome de ruas que refletem passado colonial

Berlim vai rebatizar diversas ruas que remetem à colonização alemã na África e homenagear os ativistas da independência africana, uma nova etapa na conscientização tardia do país sobre seu passado colonial.

Placas com as ruas "Petersallee" e "Nachtigalplatz" no chamado Bairro Africano no noroeste de Berlim.
Placas com as ruas "Petersallee" e "Nachtigalplatz" no chamado Bairro Africano no noroeste de Berlim. MICHELE TANTUSSI / AFP
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Após mais de dez anos de debate, os representantes de esquerda que administram o distrito de Mitte, na capital alemã, adotaram um texto na quarta-feira à noite (11) pedindo que os nomes de quatro ruas da região fossem substituídos.

O partido Democrata-Cristão da chanceler Angela Merkel, os liberais e o partido de extrema-direita AfD votaram contra. A "decisão final deve ser tomada em um mês", disse Ersek, o que deve ser apenas uma formalidade.

O texto defende rebatizar ruas com os nomes de personalidades relacionadas à brutal ocupação da Namíbia (1884-1918), onde os alemães mataram entre 1904 e 1908 dezenas de milhares de membros das tribos Herero e Nama, que se rebelaram contra eles. Um massacre considerado como o primeiro genocídio do século XX.

"O distrito africano glorifica o colonialismo alemão e seus crimes. Não é compatível com a nossa concepção de democracia e é um golpe na reputação da cidade de Berlim", diz o texto.

Localizado em Wedding, bairro de classe trabalhadora e imigrante, o "Bairro Africano" ganhou seu apelido a partir do projeto do empresário Carl Hagenbeck que, na véspera da Primeira Guerra Mundial, planejava instalar um parque que abrigasse seres humanos e animais vindos do continente africano.

A morte de Hagenbeck acabou com o projeto, mas várias ruas da região foram batizadas em homenagem ao império colonial alemão.

O texto adotado pelas autoridades de Berlim tem como alvo a Petersallee (homenagem a Carl Peters, o fundador da África Oriental Alemã, atual Tanzânia); Place Nachtigal (de Gustav Nachtigal, que anexou em 1884, Camarões e Togo); e Lüderitz Street (homenagem a Adolf Lüderitz, fundador da Sudoeste Africano Alemão, agora Namíbia). As placas serão substituídas por nomes de pessoas que lutaram contra a ocupação colonial alemã: Rudolf Manga Bell, herói da independência de Camarões; Anna Mungunda, resistente Herero; Cornelius Frederiks, chefe dos Nama; e Maji-Maji, nome dado à revolta das tribos da África Oriental contra as autoridades coloniais alemãs (1905-1907).

De acordo com o jornal berlinense Tagesspiegel, a decisão ainda pode enfrentar a resistência dos moradores, que podem se opor às mudanças no tribunal.

Essa decisão faz parte do processo de reflexão iniciado há alguns anos pela Alemanha sobre o seu passado colonial. Até o final da Primeira Guerra Mundial, o Império Alemão tinha várias colônias na África: a África Oriental Alemã se estendia pelos atuais territórios de Ruanda, Burundi e parte da Tanzânia. Já a Sudoeste Africano Alemão cobria a atual Namíbia e o oeste com os atuais Camarões e Togo.

Com informações da AFP

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