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Espanha

No Parlamento espanhol, Rajoy diz que seu partido teve corruptos, "mas não é corrupto"

O Parlamento da Espanha se reúne nesta quinta-feira (31) para debater a moção de censura apresentada pelo Partido Socialista contra o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, após a condenação de 27 ex-membros de sua legenda, o Partido Popular (PP), por corrupção. Em discurso, o líder conservador reconheceu a gravidade das acusações, mas tentou minimizá-las.

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, no Parlamento em Madri, nesta quinta-feira (31), no inicio da reunião para debater uma moção de censura apresentada pelo Partido Socialista. 31/05/18
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, no Parlamento em Madri, nesta quinta-feira (31), no inicio da reunião para debater uma moção de censura apresentada pelo Partido Socialista. 31/05/18 REUTERS/Sergio Perez
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"O Partido Popular teve corruptos, reconheço, mas não é um partido corrupto, ainda que isso desagrade a vocês. Talvez seja por isso que os eleitores têm confiança em nós", declarou diante do Parlamento espanhol.

Cada vez mais isolado, Rajoy dedicou parte de seu discurso em atacar aos socialistas. Ele criticou principalmente o líder do PSOE, Pedro Sánchez, que não é deputado, mas impulsionou a moção de censura contra o premiê espanhol. "O senhor Sánchez está preocupado porque não avança nas pesquisas e tem imaginado que não chegará à presidência do governo por eleições. Por isso pensou que um 'golpe de efeito' resolveria todos os seus problemas de uma só vez", declarou.

Extremamente irônico, Rajoy também perguntou ao deputado e secretário do PSOE, José Luis Ábalos - encarregado de defender a postura dos socialistas - se também vai apresentar uma moção de censura contra seu próprio partido, que o chefe do governo espanhol sugeriu ser igualmente corrupto. "Senhor Ábalos, vocês presumem que não são corruptos? Têm algum processado em seu grupo? Têm algum condenado em seu grupo? Alguém de seu partido está na prisão por corrupção? Vão apresentar uma moção de censura a vocês mesmos?"

Rajoy também questionou a "autoridade moral" dos socialistas, com frases de efeito, reproduzidas por toda a imprensa espanhola. "Por acaso, vocês são a Madre Teresa de Calcutá? Para vir dar lições, tem que estar em condições para isso. Senão, melhor se calar", reiterou.

Líder socialista pede renúncia de Rajoy

Em discurso após o chefe de governo espanhol, Sánchez declarou na manhã desta quinta-feira que Rajoy deveria renunciar. "Renuncie, senhor Rajoy, e tudo terminará. Seu tempo acabou. Renuncie e essa moção de censura terminará hoje, aqui e agora", declarou no Parlamento.

No entanto, a possibilidade de deixar o cargo já foi rechaçada na quarta-feira (30) pelo pelo premiê espanhol. "Minha intenção é cumprir meu mandato até metade de 2020", salientou.

Os socialistas do PSOE precisam de ao menos 176 votos para derrubar o primeiro-ministro espanhol. Em contrapartida, eles não têm garantias de que conseguirão reunir apoio suficiente de outros opositores. A votação só deve acontecer na sexta-feira (1°), com voto nominal dos parlamentares.

Até o momento, com o apoio de outros partidos, Sánchez tem 156 votos. Para os 20 restantes, os socialistas dependem dos partidos nacionalistas bascos e catalães, que até agora não revelaram suas posições. O Partido Nacionalista Basco, que tem cinco cadeiras no Parlamento, deve anunciar sua decisão nesta quinta-feira.

Um dos maiores escândalos de desvio de verbas públicas

Na semana passada, em uma sentença inédita, a Justiça espanhola condenou o PP por corrupção ativa em um dos maiores escândalos de desvio de verbas públicas da história do país, o chamado Caso Gurtel. Esse é um dos maiores esquemas de corrupção já descoberto em toda a história da Espanha.

A sentença da semana passada foi a primeira sobre essa investigação, aberta em 2011. Segundo ela, houve um esquema de caixa dois dentro do Partido Popular financiado por um conglomerado de empresas do empresário Francisco Correa, um milionário muito próximo a nomes da sigla de Mariano Rajoy.

Francisco Correa dava benefícios em dinheiro, viagens, festas e até ternos a centenas de políticos do PP em troca de licitações fraudulentas que favoreciam suas empresas. Esse financiamento, segundo a sentença, foi o que garantiu a eleição e a manutenção do PP em centenas de prefeituras da Espanha e inclusive no governo.

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