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Linha Direta

Milionário ultraconservador ameaça liderança de Theresa May

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Faltando praticamente seis meses para que o Reino Unido se desligue oficialmente da União Europeia, a primeira-ministra Theresa May ainda tenta convencer os britânicos de que ela é a melhor pessoa para conduzir o país nesta reta final. Além do ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, May é ameaçada pela crescente influência do deputado ultraconservador Jacob Rees-Mogg.

Theresa May cada vez mais fragilizada pela saída conturbada do Reino Unido do bloco europeu.
Theresa May cada vez mais fragilizada pela saída conturbada do Reino Unido do bloco europeu. Jack Taylor/Pool via Reuters
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Desde o referendo de 2016, está claro que o governo britânico não tem conseguido obter da União Europeia as concessões que gostariam: acesso ao mercado comum mas sem o livre trânsito de cidadãos; nenhuma fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda; e um desconto na conta que o Reino Unido terá de pagar para sair do bloco europeu – algo que pode custar entre 39 e 53 bilhões de libras.

Enquanto o país assiste a esse impasse, e enquanto estudos e projeções governamentais ou indepententes indicam uma piora na economia e em outras frentes depois do Brexit, a liderança de Theresa May vai enfraquecendo, dando margem ao surgimento de outras figuras do Partido Conservador que ameaçam essa liderança.

Opositores de May no Partido Conservador

O nome mais óbvio é o do ex-ministro do Exterior Boris Johnson. Ele faz parte de uma elite que estudou nas escolas e universidades mais caras e prestigiadas do país, mas é altamente popular, passando uma imagem descontraída, quase caricatural. Foi eleito prefeito de Londres duas vezes e serviu como ministro no gabinete de Theresa May por quase dois anos, mas acabou renunciando depois de passar os últimos meses sendo crítico à maneira como ela está conduzindo o Brexit.

Recentemente, Boris Johnson se uniu aos principais marqueteiros por trás da campanha do presidente americano, Donald Trump, e desde então tem feito comentários considerados islamofóbicos e racistas. Por isso, seu nome frequentemente está entre os tópicos mais quentes das redes sociais e da mídia.

Milionário ultraconservador ganha espaço

O mesmo acontece com outra figura que, até pouco tempo atrás, era obscura dentro do Partido Conservador: o parlamentar Jacob Rees-Mogg. Também se trata de outro membro da superelite britânica, pai de seis filhos, e empresário com uma fortuna estimada em mais 100 milhões de libras. Rees-Mogg pode ser descrito como ultraconservador. Ele se declara contra o aborto, contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra a adoção de medidas de proteção ambiental. E já era contra a União Europeia antes mesmo do referendo. Diante da instabilidade provocada pelo Brexit e da onda ultraconservadora que surgiu no país nos últimos anos, Rees-Mogg vem ganhando os holofotes.

No discurso de encerramento da convenção anual do Partido Conservador, na quarta-feira (3), em Birmingham, May tentou passar uma imagem de descontração, dançando desajeitadamente ao som do clássico Dancing Queen, do Abba. As redes sociais e as primeiras páginas dos jornais britânicos foram inundadas com vídeos e fotos da “performance”. No entanto, os olhares estiveram voltados para dois focos: a mensagem “séria” do discurso e os políticos do próprio partido que desafiam a liderança da primeira-ministra.

Havia muita expectativa em torno da convenção, porque o Partido Conservador está no poder há oito anos e é o principal responsável pelo fato de o Reino Unido estar deixando a União Europeia. Mas diante dos impasses nas negociações entre os britânicos e o bloco europeu para o Brexit, muitos se perguntam se Theresa May ou até mesmo os conservadores ainda estarão no poder quando a saída ocorrer oficialmente, em 29 de março de 2019.

Trabalhistas apagados

Apesar dessa crise interna, o principal partido de oposição, o Trabalhista, não tem conseguido capitalizar o momento a seu favor. Em sua convenção anual, na semana passada, em Liverpool, os trabalhistas conseguiram atrair uma multidão de jovens que acreditam que seu líder, Jeremy Corbyn, é a melhor pessoa para fazer frente aos conservadores. Corbyn, no entanto, tem tido uma postura pouco incisiva tanto em relação ao Brexit e em relação aos conservadores e está sendo pressionado por membros do próprio partido a fazer uma oposição mais forte. Na convenção, ele declarou que vai apoiar a ideia de um novo referendo para que a população aprove ou rejeite as propostas do governo para o Brexit, uma campanha que começou a ganhar força nas redes sociais recentemente.

Jeremy Corbyn ainda não decolou na preferência do eleitorado para uma futura eleição: os conservadores ainda seguem na frente nas pesquisas de opinião, com cerca de 40%, com os trabalhistas somando 36%. Uma sondagem realizada em agosto mostrou também que, apesar do racha interno dos conservadores, eleitores do partido ainda acreditam que Theresa May é a melhor pessoa para garantir uma vitória nas próximas eleições, enquanto Boris Johnson e Jacob Rees-Mogg apresentam maior índice de rejeição.

As eleições oficialmente estão marcadas para 5 de maio de 2022, mas podem ser antecipadas se o governo assim decidir.

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