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Boxing Day no Reino Unido pode ser prejudicado pelo Brexit

O dia 26 de dezembro é feriado no Reino Unido, conhecido como “Boxing Day”. Para os ingleses, é dia de ir às compras e aproveitar os descontos generosos que o comércio oferece para queimar os estoques de Natal e engordar o faturamento. Os lojistas estão apostando na data, já que o varejo inglês não vai bem.

Anúncio de liquidação em Oxford Street, Londres, em 23 de dezembro de 2018.
Anúncio de liquidação em Oxford Street, Londres, em 23 de dezembro de 2018. REUTERS/Hannah McKay
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Com informações de Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

O dia 26 de dezembro é feriado no Reino Unido, conhecido como “Boxing Day”. Para os ingleses, é dia de ir às compras e aproveitar os descontos generosos que o comércio oferece para queimar os estoques de Natal e engordar o faturamento. Os lojistas estão apostando na data, já que o varejo inglês não vai bem.

Novembro foi o pior mês de todos os tempos para muitos comerciantes. Não bastasse a competição do chamado comércio de rua com a internet, os britânicos ainda temem o futuro da economia. A três meses do Brexit, os consumidores acreditam que suas finanças pessoais vão bem, mas estão preocupados com o futuro do país.

Os britânicos sempre gostaram de comprar, tanto que desde setembro as lojas já investiam na decoração natalina. O Boxing Day costuma ser melhor do que a Black Friday, data incorporada a partir dos Estados Unidos. Contudo, as vendas desse fim de ano estão aquém do que se imaginava e muitas marcas resolveram anunciar os descontos antecipadamente.

Duas semanas antes do Natal, o comércio londrino já oferecia promoções. Para alguns lojistas, a situação é pior do que em 2008, ano da crise financeira que abalou o mundo. Por conta disso, as ações de grandes lojas de departamentos, como Debenham, o supermercado Marks and Spencer e a Next, caíram mais de 3% no final desse ano.

Medo do Brexit

Especialistas afirmam que as pessoas estão inseguras sobre o futuro. O último índice de confiança do consumidor, divulgado no mês passado, revela que os britânicos acham que as suas finanças pessoais vão bem. O problema, entretanto, é que a população não sabe o que está por vir com o Brexit. O país deve sair da União Europeia no dia 29 de março do ano que vem e ainda não tem sequer um plano de como isso vai acontecer, e não sabe como a mudança vai impactar a vida do cidadão comum.

Isso gera preocupação, não apenas entre comerciantes e consumidores, mas para o próprio governo. O varejo representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) britânico. Ou seja, é um quinto de todas as riquezas produzidas pelo país em um ano.

A situação também não é boa para as lojas online, que investem pesado no marketing e nas promoções para convencer a população a gastar. Estima-se que esse ano o varejo como um todo tenha fechado 150 mil postos de trabalho no Reino Unido. E quase 20 mil lojas e restaurantes teriam fechado no mesmo período.

A Poundworld, onde tudo custa uma libra, o equivalente britânico das lojas de R$ 1,99 no Brasil, demitiu cinco mil esse ano. As mudanças do clima também não colaboram com os resultados. O calor do verão e as temperaturas elevadas do outono reduziram as vendas das roupas.

Sem canções natalinas

Cartazes anunciam descontos de mais de 50% em grandes lojas. Os supermercados seguem o mesmo caminho. Porém, apenas cortar preços não basta para atrair os clientes e por isso a Morrison’s, uma grande cadeia varejista, inovou. Depois de um estudo sobre o movimento de suas lojas, a marca resolveu desligar as músicas de Natal que tocam sem parar nos autofalantes nesta época do ano. Até os sons das máquinas e detectores foram cortados. A ideia é oferecer um ambiente mais tranquilo e silencioso para os consumidores, como acontece na internet.

A estimativa é que as compras da véspera do Natal acumulem £ 1 bilhão de libras, ou quase R$ 5 bilhões. No ano passado, o faturamento entre o Natal e o Ano Novo chegou a £ 12 bilhões, ou quase R$ 60 bilhões. Número que não deve se repetir. Para os comerciantes, a meta é minimizar ao máximo as perdas.

 

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