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Linha Direta

Medo do Brexit leva britânicos a estocarem comida

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No Reino Unido, é cada vez maior o número de pessoas que estão estocando alimentos e remédios em casa por medo de ver esses produtos desaparecerem das prateleiras quando o Brexit virar realidade, no dia 29 de março. No Facebook, um grupo criado para dar dicas e informações sobre como armazenar suprimentos já conta com quase 8 mil seguidores.

James Blake da Emergency Food Storage.co.uk preenche um dos kits 'Brexit Box' da empresa que contém alimentos desidratados, kit de purificação de água e gel de incêndio em seu armazém em Leeds, Inglaterra, em 21 de janeiro de 2019.
James Blake da Emergency Food Storage.co.uk preenche um dos kits 'Brexit Box' da empresa que contém alimentos desidratados, kit de purificação de água e gel de incêndio em seu armazém em Leeds, Inglaterra, em 21 de janeiro de 2019. REUTERS/Phil Noble
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

O governo garante que está se preparando para que o abastecimento continue normal. São cidadãos comuns que estão preocupados com o desenrolar das negociações para o Brexit e com os indícios de que o Reino Unido pode sair da União Europeia sem nenhum tipo de acordo.

Entre algumas histórias que foram retratadas nas mídias nos últimos dias, está a de uma mulher cuja filha adolescente sofre de epilepsia e outros problemas crônicos de saúde e precisa de várias medicações por dia. Ou a do pai de família que simplesmente prefere se precaver e vem acumulando alimentos não perecíveis e combustível há várias semanas.

Os dois fazem parte de um grupo criado no Facebook para troca de dicas e informações sobre como armazenar suprimentos. No último mês, o grupo dobrou de tamanho e já conta com quase 8 mil seguidores. Enquanto isso, um empresário criou um “kit de sobrevivência ao Brexit”, com itens como alimentos desidratados, filtro de água e até equipamento para fazer fogo. A caixa custa cerca de 300 libras (quase R$ 1,5 mil) e é um sucesso de vendas.

Segurança alimentar ameaçada

Essa questão de uma eventual falta de alimentos, remédios e outros produtos nas prateleiras após o Brexit vem sido abordada durante estes últimos dois anos e meio, desde o referendo. Ela está longe de ser totalmente infundada: na última segunda-feira, os principais varejistas do país afirmaram que se o Reino Unido sair da União Europeia sem acordo, a segurança alimentar dos britânicos ficará ameaçada.

O consórcio que reúne as maiores redes de supermercados e de lanchonetes de fast-food do país alertou que, a curto prazo, os preços devem subir e as prateleiras vão ficar vazias. Em 2017, 30% dos alimentos consumidos pelos britânicos vieram da União Europeia, muitos deles perecíveis, como frutas, legumes e verduras.

Segundo os varejistas, a situação é particularmente delicada porque em março, quando o Brexit ocorrer, os produtos nacionais ainda não estarão no ponto certo para chegarem ao mercado.

Empresas farmacêuticas antecipam penúria

Não é só o varejo que está preocupado, as grandes empresas farmacêuticas também expandiram seus estoques de medicamentos e vacinas, assim como as montadoras de veículos, que antecipam uma eventual falta de peças. A Associação Britânica de Armazéns diz que 75% dos depósitos e grandes espaços para estoque de produtos industrializados em todo o país já estão lotados.

Enquanto o governo da primeira-ministra Theresa May tenta sair do impasse em relação ao futuro do país depois de 29 de março, aumentam os temores de que o Reino Unido acabe deixando a União Europeia sem nenhum tipo de acordo com o bloco. Isso significa que, literalmente da noite para o dia, os britânicos perderiam o acesso ao mercado comum europeu e passariam a ter que pagar taxas altas para importar alimentos, remédios e outros tipos de suprimentos. O chamado “no-deal Brexit” também veria a volta de controles alfandegários nos portos e aeroportos, que hoje não existem. Isso atrasaria a entrada e a distribuição desses produtos no país.

Estoques podem afetar suprimento atual

No caso dos medicamentos, o Ministério da Saúde tem feito apelos para que as pessoas não façam estoques porque isso pode afetar o suprimento atual. Isso teria um impacto significativo para os portadores de doenças crônicas ou pacientes que precisam desses remédios neste momento, como é o caso dos diabéticos. O governo afirma que está trabalhando para garantir um abastecimento normal nos meses imediatamente após o Brexit. As autoridades também alegam que não há motivo para pânico em relação aos alimentos e que estão adotando medidas para minimizar a possível de falta de produtos nas prateleiras.

 

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