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Indecisões de Theresa May sobre Brexit acirram crise política no Reino Unido

No dia seguinte da megamanifestação nas ruas de Londres pedindo um novo referendo sobre o Brexit, as indecisões da primeira-ministra Theresa May alimentam neste domingo (24) um clima de crise no país e até especulações sobre a queda do governo. A semana será decisiva para o futuro do processo de divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia. A premiê ainda não decidiu se vai colocar de novo em votação no Parlamento o acordo sobre o Brexit, negociado com Bruxelas.

A imprensa britânica deste domingo afirma que a primeira-ministra Theresa May, cada dia mais isolada politicamente, pode perder o cargo.
A imprensa britânica deste domingo afirma que a primeira-ministra Theresa May, cada dia mais isolada politicamente, pode perder o cargo. REUTERS/Henry Nicholls
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O acordo com Bruxelas, um documento de quase 600 páginas alcançado após longas negociações, já foi rejeitado duas vezes pela Câmara dos Comuns, em 15 de janeiro e 12 de março. O novo voto seria a consequência lógica para que o adiamento do Brexit, inicialmente previsto para o dia 29 de março, seja adiado, como concordaram os líderes europeus na cúpula realizada na última quinta-feira (21).

A expectativa era que May convocasse rapidamente a nova votação. Na sexta-feira (22), no entanto, ela enviou carta aos deputados dando a entender que isto poderia não acontecer nesta semana "se não existir apoio suficiente", o que parece provável. "Voltaremos a apresentar (o acordo) quando tivermos certeza" (de ter o apoio necessário), confirmou neste domingo o ministro para o Brexit, Steve Barclay, à BBC.

Os britânicos aguardam explicações sobre as intenções do governo nesta segunda-feira. May pode propor série de votações para conhecer a opinião do Parlamento. Mas esta opção corre o risco de provocar tensão dentro do governo, porque os eurocéticos temem que o Parlamento aproveite a oportunidade para assumir o controle do Brexit.

Theresa May ameaçada?

Em mais um sinal da crise política, o pequeno partido norte-irlandês DUP, que apoia May e permite que ela tenha uma frágil maioria no Parlamento, destacou que a chefe de Governo "perdeu uma oportunidade" de melhorar o acordo durante a reunião da UE.

Uma nova rejeição do texto que define os termos do divórcio entre o Reino Unido e o bloco europeu poderia inclusive representar o fim da carreira política de Theresa May. Criticada por todos os lados, a primeira-ministra poderia ser vítima de uma manobra para provocar sua queda, informa o jornal Sunday Times. De acordo com o diário, ela poderia ser substituída pelo vice-premier David Lidington, um político pró-UE.

O jornal Mail on Sunday afirma que o cargo poderia ser ocupado pelo ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, favorável ao Brexit. "Se estamos com problemas devido ao Brexit é por culpa de Theresa May, chegou a hora dela ir embora", afirmou o deputado europeu conservador Daniel Hannan ao Telegraph.

"O governo está bloqueado. A confiança na democracia afunda. Isto não pode continuar. Precisamos de um novo primeiro-ministro", escreveu no Twitter o deputado conservador George Freeman, ex-conselheiro de May. "Mudar de governante não solucionará os problemas", respondeu o ministro das Finanças, Philip Hammond, ao canal Sky.

Opções

Antecipando uma possível nova rejeição ao acordo, os aliados europeus do Reino Unido apresentaram duas opções. A primeira adiaria o Brexit até 22 de maio, mas para isso o Parlamento britânico tem que aprovar o acordo que regulamenta a saída da UE. A segunda opção indica que se o acordo for rejeitado pela terceira vez, o Reino Unido teria até 12 de abril para decidir se organiza eleições ao Parlamento europeu. Se optar por organizar a votação, o país poderia solicitar um novo adiamento, com duração ainda indefinida.

Se as duas opções não acontecerem, haverá uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo, quase três anos depois do referendo de 23 de junho de 2016.

(com informações da AFP)

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