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Líderes de partidos nacionalistas e de extrema direita mostram união para eleições europeias

Reunidos neste sábado (18) na Itália em torno do ministro do Interior Matteo Salvini, líderes de partidos nacionalistas europeus escolheram como alvos de ataques a imigração, a ameaça islamita e a "oligarquia" de Bruxelas. O encontro, que aconteceu a uma semana das eleições europeias, foi em parte ofuscado pelo escândalo que derrubou o vice-chanceler austríaco.

O italiano Matteo Salvini (centro) foi o anfitrião do encontro em Milão com líderes nacionalistas e de extrema direita.
O italiano Matteo Salvini (centro) foi o anfitrião do encontro em Milão com líderes nacionalistas e de extrema direita. REUTERS/Alessandro Garofalo
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Antes do evento, o líder do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), Heinz-Christian Strache, foi obrigado a pedir demissão de seu cargo de vice-chanceler na manhã deste sábado devido ao escândalo provocado pela divulgação de um vídeo no qual aparece negociando uma tentativa de financiamento de seu partido de extrema direita com uma suposta sobrinha de um oligarca russo. O caso fez o eurodeputado Harald Vilimsky, líder do FPÖ para as eleições europeias, cancelar sua ida ao encontro.

O caso envolvendo o número 2 do governo da Áustria não abalou o anfitrião do encontro nem sua aliada francesa Marine Le Pen, os principais oradores do encontro. 

Os discursos se concentraram em torno dos temas que mobilizam os eleitores das correntes populistas e nacionalistas que cresceram nos últimos anos e chegaram ao poder em vários países europeus: preservação das identidades nacionais diante dos "perigos" representados pela invasão de imigrantes e a ameaça islamita.

O vice-primeiro ministro italiano também criticou em seu discurso a "Europa das elites" e "do passado" e defendeu diretamente as milhares de pessoas reunidas na Praça do Duomo, no centro de Milão, em frente à catedral.  "Nesta praça não tem extremistas, não tem racistas nem fascistas", disse. "Os extremistas são aqueles que governaram a Europa durante 20 anos em nome da pobreza e da precariedade", acrescentou, enquanto eram agitadas bandeirolas azuis de seu partido Liga e algumas bandeiras francesas levadas por militantes do partido Reunião Nacional, de Marine Le Pen.  Matteo Salvini fez referência durante seu discurso à Igreja Católica e às raízes cristãs e judaicas da Europa, mostrando um rosário e a imagem da Virgem Maria. 

Ele pediu uma votação maciça no dia 26 de maio aos partidos nacionalistas. “Será uma escolha entre o passado e o futuro", afirmou, sugerindo várias vezes vaias a políticos pró-europeus como o presidente  francês Emmanuel Macron e o presidente da União Europeia Jean-Claude Juncker.

Antes de Salvini, o líder do holandês Partido da Liberdade, Geert Wilders, lançou: "Basta Islã". Ele também disse que as "elites políticas" europeias não são mais dignas de confiança e que a Europa "precisa de mais Salvini".

Le Pen defende Europa de nações

Em seu discurso, a líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, afirmou que os partidos nacionalistas representam uma "alternância" para a Europa.  "Antes, nós estávamos sós na cena europeia. Mas no período de alguns meses, uma série de forças políticas que pensam como nós cresceram muito, o que nos permite querer transformar a União Europeia em uma Aliança europeia de nações", explicou.

Le Pen e o ministro do Interior italiano pretendem reforçar a aliança desses partidos nacionalistas e fazer do grupo Europa das Nações e das Liberdades (ENL), que reúne os partidos Liga (Itália), Reunião Nacional (França), FPÖ (Áustria) e Vlaams Belang (Holanda), a terceira força do parlamento europeu.

A união, no entanto, acontece em meio a discordâncias em relação à disciplina orçamentária, a repartição de imigrantes entre os países do bloco e a Rússia de Vladimir Putin, próxima de Le Pen e Salvini, mas não de ex-países comunistas como a Polônia.

O primeiro-ministro conservador húngaro Viktor Orbán, ausente do encontro em Milão, se comprometeu com Salvini a cooperar com o bloco depois das eleições, mas se recusa a fazer alianças com Le Pen, assim como o PiS, da Polônia. 

Franceses contra aproximação com Salvini

Marine Le Pen se apresenta com a principal opositora do presidente Emmanuel Macron e aposta no sucesso de seu partido nas eleições europeias em um momento em que uma crise interna abala o prestígio de seu ex-adversário pela presidência do país.  

O chefe de Estado francês disse que fará tudo para evitar a derrota de seu partido  A República em Marcha para a legenda Reunião Nacional. Sondagens indicam um empate técnico entre as duas formações políticas

No entanto, a estratégia de uma aproximação entre o partido de Le Pen e a Liga de Salvini não é bem vista pela maioria dos franceses. Em uma recente pesquisa do instituto Odoxa, 62% dos entrevistados consideram essa aliança uma "má notícia" e 72% afirmaram ter uma “má opinião” sobre o ministro do Interior e homem forte do governo italiano.

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