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UE/imigração

UE e países membros são alvo de queixa na Corte Penal Internacional por morte de migrantes em alto-mar

Dois advogados internacionais entraram com um pedido nesta segunda-feira (3), junto à Corte Penal Internacional, solicitando a abertura de um processo contra a União Europeia e os Estados membros, por crimes contra a humanidade. O motivo é a morte de milhares de migrantes no mar Mediterrâneo, na tentativa de fugir da Líbia.

Migrantes salvos pelo navio Aquarius no mar Mediterrâneo
Migrantes salvos pelo navio Aquarius no mar Mediterrâneo Reuters
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O franco-espanhol Juan Branco e o jurista israelense Omer Shatz, ambos baseados em Paris, transmitiram um dossiê de 245 páginas à procuradora da Corte Penal Internacional, Fatou Bensouda. O documento traz “provas suficientes que envolvem altos dirigentes e funcionários da União Europeia e membros de crimes cometidos aplicando as políticas migratórias da EU no Mediterrâneo e na Líbia, desde 2014”, explicaram os advogados.

Mais de 12 mil pessoas morreram no Mediterrâneo nos últimos cinco anos tentando chegar à Europa. Esta é a rota marítima mais mortal do mundo, segundo a ONU. Para os advogados, “a Europa apostou em uma política migratória de dissuasão, visando o sacrifício da vida dos migrantes em alto-mar.”

Branco e Shatz ressaltam que, quando essa estratégia não dava certo por conta das operações de resgate das ONGs, os europeus pediam à guarda-costeira líbia que interceptasse e enviasse os migrantes em centros detenção “desumanos” na Líbia. “Tudo isso sabendo que tais pessoas foram acusadas de crime de guerra ou contra a humanidade. Eles financiaram voluntariamente a guarda-costeira líbia”, disse Branco. “Em vez de socorrer imediatamente os civis no mar, a União Europeia facilitou a morte de milhares de pessoas por afogamento”, acusam os dois advogados.

Os países visados pela queixa são a França, a Alemanha e a Itália, membros da Corte Penal Internacional. Em fevereiro de 2011, a Corte foi acionada pelo Conselho de Segurança da ONU para investigar crimes cometidos na Líbia desde a queda do presidente Mouammar Kadhafi. O órgão investiga as acusações cometidas contra migrantes e refugiados na Líbia, para determinar se poderá levar a queixa adiante.

Acusação não tem sentido, diz Ministério das Relações Exteriores

Em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz do Ministério francês das Relações Exteriores disse que a acusação feita pelos advogados “não tem sentido e fundamento jurídico”. Segundo o Quai d’Orsay, a França se mobilizou para lutar contra o tráfico de seres humanos e coiotes.

O Conselho de Segurança da ONU, seguindo uma iniciativa francesa, sublinhou, decidiu adotar sanções individuais contra pessoas envolvidas no tráfico de seres humanos e o tráfico de migrantes na Líbia. “A França trabalha junto aos países de origem e de trânsito para desmantelar filiais ilegais e redes de coiotes, atacando seus mecanismos de financiamento”, completou o porta-voz.

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