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Economia

França bate Alemanha em atratividade para investimentos estrangeiros, diz estudo

Os franceses podem ficar eufóricos. Pela primeira vez, um relatório da empresa de consultoria EY (ex-Ernest & Young), divulgado nesta terça-feira (4), revela que os investidores estrangeiros estão preferindo direcionar seus investimentos para o território francês em detrimento da primeira economia do bloco, a Alemanha.

Manchete do jornal Aujourd'hui en France: "França ultrapassa a Alemanha em atratividade econômica".
Manchete do jornal Aujourd'hui en France: "França ultrapassa a Alemanha em atratividade econômica". Reprodução
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Eterna terceira colocada no pódio europeu, atrás da Alemanha e do Reino Unido, como destaca o jornal Le Parisien, a França conquistou no ano passado o segundo lugar no ranking de países europeus de maior atratividade, segundo o levantamento da EY, com 1027 projetos industriais recenseados em 2018 (+ 1% em relação a 2017). No mesmo período, os dois concorrentes vizinhos registraram uma queda de 13% dos investimentos estrangeiros, com respectivamente 1054 e 973 projetos lançados.

Marc Lhermitte, diretor associado da consultoria EY, explica que o Brexit teve impacto negativo para a imagem do Reino Unido. Enquanto na Alemanha, o país paga o preço do recuo do comércio global. O consultor acrescenta que os alemães ainda foram penalizados por más escolhas na indústria automobilística, principalmente por terem retardado o desenvolvimento dos carros elétricos.

Um outro fator que contribui para diminuir a atratividade da Alemanha é, na verdade, um paradoxo. A baixa taxa de desemprego no país governado por Angela Merkel - apenas 3,2% - indica para os investidores que eles terão dificuldades de recrutar mão de obra, o que se transforma num freio ao investimento.

Nesse contexto turbulento para os vizinhos, a França oferece excelentes escolas de engenharia, profissionais criativos e altamente qualificados, assim como técnicos para a indústria, resume o diretor associado da EY. Os centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) tiveram um "boom" de crescimento no ano passado (+85%) nos arredores das grandes cidades francesas. O que fez do país o primeiro destino de implantação de projetos industriais.  

A crise dos coletes amarelos parece não ter causado um estrago maior, já que o estudo foi realizado em janeiro de 2019, dois meses depois do início do movimento.

"Os patrões dizem 'I Love Paris'", comemora o jornal Le Parisien  

"Paris ainda recolhe os benefícios dos sinais favoráveis de reformas enviados pelo presidente Emmanuel Macron", constata Lhermitte. A perspectiva dos Jogos Olímpicos de 2024, associados ao projeto de extensão das linhas de metrô e de trens de subúrbio na região de Île-de-France, com mais de 60 novas estações planejadas ou em construção, ajudam a dourar a imagem da cidade.

De todos os empresários entrevistados para o levantamento, 30% disseram ter uma opinião positiva sobre a capital francesa, contra 25% de opiniões favoráveis para Berlim e 24% em relação a Londres. Assim, Paris se coloca como a capital europeia melhor posicionada para angariar os efeitos do Brexit.

As reformas de Macron, como a redução dos impostos das empresas, as medidas de simplificação administrativa empenhadas pelo governo nos últimos dois anos e a flexibilização dos contratos de trabalho, são apreciadas pelos investidores e geram confiança no país. Sem os coletes amarelos, diz o consultor da EY, Paris poderia ter registrado um ganho de confiança ainda maior.

Na pesquisa do ano passado, a capital francesa tinha recolhido 37% de opiniões positivas entre os empresários estrangeiros. Mas o recuo pode ser atribuído à guerra comercial lançada por Donald Trump, que teve impacto mundial. Outras regiões francesas também aparecem muito bem no levantamento da EY para o ano de 2018.

O relatório proporciona um momento de otimismo à imprensa, um dia depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter lançado uma advertência às autoridades francesas sobre o elevado nível da dívida pública, que chegou a € 2,3 trilhões. Moral provisória da história, escreve Le Parisien: "Podemos estar endividados e, mesmo assim, permanecer atraentes".

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