França vai acolher 150 dos 356 refugiados a bordo do Ocean Viking
O primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, anunciou nesta sexta-feira (23) que seis países da União Europeia concordaram em distribuir os 356 migrantes a bordo do navio humanitário Ocean Viking.
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Depois de mais de dez dias à deriva, o acordo é um alívio para as ONGs SOS Mediterranée e Médicos Sem Fronteiras, que estavam ficando sem mantimentos para os migrantes.
"Todos os migrantes" a bordo da embarcação das ONGs serão transferidos para um navio militar maltês, desembarcados e depois distribuídos entre a França, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo, Portugal e Romênia, disse Muscat em sua conta do Twitter.
"Ninguém ficará em Malta", acrescentou ele.
O acordo foi alcançado "após discussões com a Comissão Europeia e alguns Estados membros, a saber, França e Alemanha", informou.
A França vai receber 150 migrantes dos 356, anunciaram fontes oficiais, que há três dias confirmaram a recepção de outros 40 migrantes de outro navio humanitário, o Open Arms, bloqueado na Itália.
O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, ressaltou que a França "demonstrou sua solidariedade" e agradeceu as autoridades maltesas, em especial seu homólogo, bem como o comissário europeu para as Migrações por sua mediação.
"Juntos, conseguimos chegar a uma solução europeia", escreveu ele no Twitter.
"Enquanto alguns Estados da UE finalmente deram um passo adiante com uma resposta humana a este desastre humanitário no Mediterrâneo, agora é necessário um mecanismo de desembarque confiável!", pediu a ONG SOS Mediterranée.
Quase sem mantimentos
Os socorristas alertaram nesta sexta-feira que o Ocean Viking estava ficando sem suprimentos. "Temos quatro dias de ração", disse um porta-voz da MSF a bordo.
O coordenador das operações de resgate do Ocean Viking, Nicholas Romaniuk, garantiu à jornalista da AFP a bordo do navio que agora aguarda "uma comunicação oficial das autoridades maltesas" para iniciar o desembarque.
O navio, de 69 m (220 pés), teve a entrada negada nos portos de Malta e Itália e ficou 14 dias em águas internacionais entre Malta e a Sicília.
Esse é um dos últimos casos de confronto entre as autoridades dos países europeus e as organizações humanitárias que resgatam migrantes no Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes no Ocean Viking são homens adultos e cerca de dois terços vêm do Sudão, outros da Costa do Marfim, do Mali e do Senegal.
A bordo também há quatro mulheres e cinco crianças com idades entre um e seis anos. Quase uma centena são menores de 18 anos.
Muitos foram resgatados em águas líbias e tinham sintomas de desidratação severa e, em alguns casos, estavam quase desnutridos, disse a equipe médica do navio.
Os migrantes relataram sua passagem pela Líbia, devastada pelo conflito, os abuso e maus-tratos, detenção arbitrária e até mesmo tortura.
Outra embarcação humanitária, o MareJonio, operado pelo grupo italiano de esquerda Mediterraneo, partiu na quinta-feira em direção à costa da Líbia.
A embarcação havia sido embargada pelo ministro do Interior de extrema-direita Matteo Salvini, líder da Liga, conhecido por sua política dura contra a migração e cujo governo caiu esta semana.
Em razão da crise, a política antimigração na Itália está atualmente em discussão e não se descarta que o fechamento dos portos para navios humanitários seja suspenso.
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