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Neonazistas/Alemanha

Começa julgamento de neonazistas que planejavam atentados contra estrangeiros na Alemanha

O julgamento contra grupos de neonazistas de Chemnitz (Leste), acusados de planejar uma série de atentados, começou nesta segunda-feira (30) em meio à preocupação no país contra os círculos de extrema direita na Alemanha, cada vez mais inclinados a recorrer à violência.

A polícia alemã apreendeu 1.091 armas dentro de grupos neonazistas, apenas em 2018.
A polícia alemã apreendeu 1.091 armas dentro de grupos neonazistas, apenas em 2018. (Foto: Reuters)
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Oito homens, entre 21 e 32 anos, são acusados ​​de "formar um grupo terrorista de extrema direita" em Dresden, uma cidade na antiga RDA, segundo o Ministério Público de Karlsruhe, encarregado de casos de terrorismo.

"Eles queriam realizar ataques armados e mortíferos contra estrangeiros e pessoas de diferentes convicções políticas", disse o promotor Michael Glaser durante a primeira audiência. A promotoria planeja convocar nada menos que 75 testemunhas.

O julgamento, que deve durar até abril de 2020, está sendo realizado em um tribunal do centro da cidade da Saxônia, terra considerada um bastião da extrema direita, onde a Alternativa para a Alemanha (AfD) ganhou impulso nas eleições de setembro, tornando-se o segundo partido mais votado, com mais de 27% dos votos, a uma curta distância dos conservadores Angela Merkel.

A defesa denunciou um "julgamento político" e lamentou "a pressão específica" representada, a seus olhos, por um interesse muito forte da mídia alemã. Mas seu pedido para postergar o julgamento foi indeferido pelo tribunal.

Os suspeitos pertenceram por muitos anos ao universo dos hooligans, neonazistas e skinheads de Chemnitz, também na Saxônia, palco no final de agosto de 2018 de conflitos anti-imigrações, durante os quais eles organizaram "caçadas aos estrangeiros" nas ruas, após o suposto assassinato de um alemão por um deles.

Mensagens

Os grupos neonazistas lançaram seu projeto no início de setembro de 2018, através da criação de um grupo em um aplicativo de mensagens eletrônicas chamado "Revolution Chemnitz". Em uma das mensagens, seu suposto líder, Christian Keilberg, de 32 anos, pedia "guerra civil" contra "os parasitas de esquerda, os zumbis de Merkel, a ditadura da mídia e seus escravos".

"Os suspeitos perseguiram objetivos que visavam minar o Estado de Direito democrático", afirmou a promotoria, citando os muitos documentos, telefones celulares e dados apreendidos. Para esses fins, os investigados teriam conseguido obter armas semiautomáticas.

Ainda segundo a promotoria, eles queriam atingir Berlim em 3 de outubro, um feriado que celebra a reunificação alemã. Tudo estava planejado: a maioria dos homens foi presa em 1º de outubro de 2018, enquanto seu líder foi preso duas semanas antes, após atacar estrangeiros em Chemnitz.

O "Grupo Freital", outro grupo neonazista da Saxônia, entrou em ação em 2015 no auge da crise migratória, quando centenas de milhares de refugiados se reuniram na Alemanha. Seus oito membros foram condenados de quatro a dez anos de prisão por cinco ataques a bomba em casas de refugiados, e contra ativistas de esquerda.

"Alarmante"

O novo julgamento ocorre em um país abalado, em junho, pelo suposto assassinato por um neonazista de um prefeito local pró-migrantes. A tragédia em Kassel (Oeste) revelou a pressão exercida por franjas radicais sobre as autoridades eleitas locais e o estabelecimento de inúmeras “listas negras”, uma prática já usada pelo grupo neonazista alemão NSU, responsável pelo assassinato de uma dúzia de imigrantes na Alemanha, no início dos anos 2000.

Outro aspecto preocupante: a extrema direita radical está adquirindo cada vez mais armas de todos os tipos (pistolas, espingardas, equipamentos usados ​​para fabricar explosivos, facas etc.), sinal de uma maior propensão a recorrer à violência, revelou o Ministério do Interior da Alemanha.

A polícia apreendeu nestes grupos 1.091 armas em 2018, contra 676 no ano anterior, durante a investigação de 563 crimes atribuídos a extremistas de direita, assim como em 2017.

Números "alarmantes", segundo declaração do ministro do Interior, Horst Seehofer, no domingo (29), dizendo estar "firmemente resolvido" a dar às autoridades os meios para lutar contra esta “ameaça”.

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