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Brasil-Mundo

Dupla de produtores leva cultura brasileira para Berlim

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Daniela Cantagalli e Rodrigo da Matta mudaram-se para Berlim três anos atrás e já mostraram que não estão a passeio. Unidos pelo acaso, os dois vêm abrindo espaço para artistas brasileiros na capital alemã.

Daniela Cantagalli e Rodrigo da Matta mudaram-se para Berlim há três anos
Daniela Cantagalli e Rodrigo da Matta mudaram-se para Berlim há três anos Foto de Bossa FM
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Por Cristiane Ramalho, correspondente da RFI em Berlim

A dupla – sócia na produtora Bossa FM - já trouxe um punhado de pesos pesados da música brasileira para Berlim. Desde 2016, foram mais de 50 concertos, com artistas como Maria Rita, Milton Nascimento, Criolo, Nação Zumbi e Marcelo D2.Também há espaço para a novíssima cena musical, representada por nomes como Duda Beat – “rainha da sofrência pop” -, a dupla formada pela rapper Dani Nega e o DJ Craca, ou a cantora Bia Ferreira, que faz MMP (Música de Mulher Preta), segundo sua própria definição.

Fluminense de Niterói, o produtor Rodrigo da Matta, de 37 anos, vive há oito na Europa. Mudou-se para Madri, para trabalhar como executivo de uma multinacional. Mas um belo dia, um burnout o fez jogar tudo para o alto e investir na sua maior paixão: a música.

Assim surgiu a Bossa FM. “Conheci o trabalho da produtora através das redes sociais e marquei um café com Rodrigo para saber mais sobre o projeto”, lembra Daniela. A conversa deu samba e resultou na entrada da carioca como sócia da Bossa FM. Formada em Marketing, Daniela já trabalhara com TV, cinema e teatro no Brasil quando resolveu deixar o país, em 2016: “Queria morar na Europa por um tempo, e como tenho família aqui, e Berlim é uma cidade que eu adoro, decidi me mudar para cá”.

Psicotrópicos com apoio do Goethe

Nesse outono, a temporada está quente. Depois do Planet Hemp, na sexta, 07, João Donato subirá ao palco no sábado, 18, com seu concerto Donato Elétrico – “um dirty bossa jazz indicado ao Grammy de melhor álbum instrumental”, lembra Rodrigo.Em março do ano que vem, a Bossa FM vai produzir o Psicotrópicos, um festival plural, com concertos, leituras e workshops. “Vai ter música, dança, performances, literatura... É super aberto”, explica.

O Psicotrópicos tem também um viés político. “A gente abre espaço para dar voz para novos artistas, porque muitos deles estão sem voz hoje no Brasil. Queremos gerar um pensamento crítico e abrir caminhos para a comunidade que está em Berlim”. A dupla acaba de fechar seu primeiro patrocínio junto ao prestigiado Instituto Goethe. “Estamos muito felizes, porque esse é um trabalho conjunto”, diz Daniela.

A Bossa FM investe ainda num evento mensal que já tem público cativo e costuma atrair cerca de 600 pessoas: a Roda de Feijoada. Para dar conta de cada produção, eles contratam um time de até 30 pessoas. “Cerca de 30% do público é de não brasileiros. E isso é muito bom. Mostra o interesse dos alemães pela nossa cultura”, diz a carioca.

Drag Queen para crianças

Com música que vai do samba ao maracatu, passando por blocos de carnaval e fanfarra, a Roda de Feijoada abre espaço para várias formas de arte. Por lá já passaram grafiteiros, fotógrafos, designers.Em breve, vão contar com uma Drag Queen para fazer leituras para as crianças dentro da programação infantil. A ideia é quebrar preconceitos.

Também músico e DJ, Rodrigo incluiu a Bossa FM numa joint venture – a Yellow Noises – que conta com dois outros brasileiros - um radicado em Portugal, o outro na Inglaterra. “São dois malucos como eu (risos), que também têm essa ambição de trazer a música brasileira de forma completa para a Europa”.

Com a joint venture foi possível ampliar a cooperação internacional e o alcance das turnês. “A gente sempre trabalha Paris, Londres, Dublin, Amsterdã, Porto e Berlim”, conta o produtor. “Nossa ideia é colocar em evidência tudo o que esteja pipocando no Brasil”.

Segundo Rodrigo, desde 2016 a Bossa FM “já produziu mais de 135 eventos, com 400 mil pessoas impactadas”. É um trabalho de somar forças. “Se no Brasil está super difícil para se conseguir apoio cultural, a gente vai lutar para conseguir esse apoio aqui na Alemanha”, resume Daniela.

Para quem está à frente do negócio, muito desafio. “Dá para viver, mas às vezes tira o sono. Ser empreendedor cultural, sem apoio financeiro, significa colocar o seu em jogo. É uma caminhada longa, mas temos certeza de que estamos no caminho certo”, aposta Rodrigo.

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