Extrema direita cresce e se torna 3ª força política na Espanha
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O Partido Socialista (PSOE), do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez, venceu as eleições legislativas desse domingo (10) na Espanha, mas sem conquistar a maioria. O partido da extrema-direita VOX saiu fortalecido das urnas, mais do que duplicou sua representatividade e se tornou a terceira força política do país. O Parlamento espanhol está mais fragmentado do que nunca. Nenhum bloco, de esquerda ou de direita, tem maioria para formar com facilidade um novo governo, mas Sánchez é o que tem mais chances de formar uma coalizão.
Por Fina Iñiguez, correspondente da RFI na Estpanha
Sete meses depois das últimas eleições gerais na Espanha, 37 milhões de espanhóis foram chamados às urnas para desbloquear a situação política. No entanto, os resultados da votação não parecem facilitar a formação de um novo governo: nem o bloco da esquerda, nem o da direita somam os 176 deputados necessários para a maioria absoluta.
A esquerda permanece o maior bloco no Parlamento. O Partido de Pedro Sánchez foi novamente o mais votado e o líder socialista é o candidato com mais chances de se tornar primeiro-ministro. Mas o PSOE perdeu votos e três cadeiras no Congresso. Em relaçao às eleições de abril, a sigla passou de 123 para 120 deputados e, no Senado, perdeu a maioria absoluta que tinha. O esquerdista Podemos também recuou, passando de 42 a 35 deputados.
No bloco da direita, o Partido Popular passou de 66 a 88 deputados. Ciudadanos despencou, passando de 57 para apenas 10 representantes. O VOX, de extrema direita, se tornou a terceira força política, se convertendo no grande vencedor dessas eleições na Espanha. Há um ano, VOX era uma formação sem representação parlamentar. Agora, tem 52 lugares e não para de subir: ganhou 28 deputados em apenas 6 meses.
Catalunha
A questão da independência da Catalunha foi um fator determinante na votação e vai continuar sendo central no debate espanhol. Se a situação já era complexa antes das eleições, com uma parte da Catalunha indignada com a condenação dos líderes políticos independentistas, os resultados das eleições reforçam o posicionamento dos separatistas. O bloco dos independentistas, que elegeu 13 deputados, se converteu na quarta força política do Congreso, superando o Ciudadanos.
O Congresso espanhol ficou ainda mais fragmentado com a inclusão de novos partidos, como Más País, de esquerda, e Candidatura de Unidade Popular (CUP), de extrema esquerda e separatista catalão.
Estratégia
Essas eleições foram um erro? Elas serviram para alguma coisa? Essas são as duas perguntas que voltam com insistência após a realização dessa nova votação na Espanha.
O resultado das urnas demonstra que o socialista Pedro Sánchez errou ao não fazer acordos para formar um governo em abril, especialmente com o Podemos, com pediu a maioria dos eleitores.
Por outro lado, a estratégia de Sánchez de convocar novas eleições não fortaleceu o Partido Socialista. Muito pelo contrário, aumentou a representação do partido da direita PP e o da extrema direita VOX.
Num país em que a maioria absoluta abriu espaço para diferentes opções políticas, tanto à direita quanto à esquerda, o resultado das eleições desse domingo mostra que não há outra saída para governar do que a negociação entre partidos.
Chances de acordo
Na noite deste domingo, Sánchez se comprometeu a fazer um “governo progressista”. Ele deu a entender que vai tentar o que não conseguiu em abril: formar um Governo que una a esquerda. Mas também não fechou a porta à direita. O premiê fez um apelo para acabar com o bloqueio a “todos os partidos políticos, salvo aqueles que têm um discurso de ódio”, referindo-se ao VOX sem citar o nome da sigla.
Antes de esgotar o novo prazo para formação do governo, o líder socialista olha para a direita e para a esquerda, sem perder de vista os partidos regionais. Resta saber, quais partidos vão lhe estender a mão.
Se nao houver acordo, haverá uma terceira repetição de eleições que ninguém quer: nem os eleitores, cansados com a falta de capacidade dos líderes políticos de colocar o país para funcionar depois de meses de governo interino; e nem os candidatos, que nesta altura esgotaram seus argumentos.
A direita seria a única que se beneficiaria com novas eleições e não parece que Pedro Sánchez esteja disposto a se arriscar mais uma vez.
O panorama ameaça prolongar o crônico bloqueio que atinge a política espanhola desde 2015, quando o surgimento do Podemos e do Cidadãos pôs fim ao tradicional bipartidarismo PSOE/PP. Desde então, houve quatro eleições legislativas e muita instabilidade política no país que agora começa a dar sinais de desaceleração econômica.
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