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Itália

Mar cada vez mais quente pode ter contribuído para 'acqua alta' recorde em Veneza

O prefeito de Veneza determinou, nesta sexta-feira (15), o fechamento da praça San Marco. A medida foi tomada após uma nova inundação causada pela maré alta. Especialistas já avaliam o impacto das mudanças climáticas na intensidade dessa acqua alta.

Praça San Marco, passagem obrigatório dos milhões de turistas que visitam Veneza a cada ano, foi fechada por causa da maré alta recorde.
Praça San Marco, passagem obrigatório dos milhões de turistas que visitam Veneza a cada ano, foi fechada por causa da maré alta recorde. REUTERS/Flavio Lo Scalzo
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"Me vejo forçado a fechar a praça San Marco para proteger os cidadãos de riscos sanitários... Um desastre", declarou o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro. As autoridades já haviam declarado estado de emergência na cidade, depois de três dias de inundações que causaram graves danos materiais.

O governo já estima estragos avaliados em “centenas de milhões de euros”. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, que visitou a cidade na quinta-feira (16), anunciou a liberação de uma verba de € 5 mil para cada morador atingido pela inundação e € 20 mil para cada comerciante. Os hotéis de Veneza também já começam a calcular os prejuízos provocados por essaacqua alta recorde. A cidade recebe 36 milhões de turistas por ano, 90% deles estrangeiros. 

Depois de atingir 1m87 na terça-feira (12), a maré chegou a 1m54 na tarde desta sexta-feira. No entanto, as fortes chuvas previstas nas próximas horas preocupam.

Impacto das mudanças climáticas?

Mesmo se a maré alta faz parte da vida da cidade, formada por 118 ilhas, a maioria delas artificiais e construídas sobre palafitas, o fenômeno cada vez mais intenso levanta questionamentos sobre um eventual impacto do aquecimento do planeta.

“Para analisar se há uma tendência que afirme que um evento é provocado pelas mudanças climáticas, nos apoiamos em séries cronológicas de chuvas e de marés, que nos permitem dizer se há realmente uma evolução”, explica a hidróloga Emma Haziza, especialista do assunto, em entrevista à RFI. “Mas para isso, é preciso ter uma longa série de dados, entre 10 e 20 anos. O que não é o caso com Veneza, pois das cinco marés mais altas registradas desde que a Basílica foi erguida – em 828 e reconstruída após um incêndio em 1063 –, três foram nos últimos dez anos e duas apenas nos últimos dois anos”, avalia.

No entanto, mesmo se não há recuo suficiente para afirmações categóricas, a especialista pondera: “Não tem como negar que há parâmetros cada vez mais agravantes. O mar é cada vez mais quente, os ventos mais violentos e esse efeito dominó agrava a situação e provoca esse tipo de resultado”.

A hidróloga lembra que Veneza está acostumada com esse tipo de fenômeno. “Até 20 ou 30 centímetros de altitude, a cidade consegue colocar algumas proteções nas portas das lojas e das casas. Mas agora, atingimos um nível muito mais elevado, com a água chegando a 1m87, provocando até 1m30 de submersão. E trata-se de água do mar, que tem um efeito corrosivo extremamente importante”, alerta.

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