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França

Professora põe fogo no corpo na frente dos alunos

Permanece grave o estado de saúde da professora que ateou fogo ao corpo, nessa quinta-feira, numa escola do ensino médio de Béziers, no sul da França. A cena chocou alunos e professores do Lycée Jean Moulin. Colegas de trabalho disseram hoje que o gesto desesperado, no pátio da escola, "simboliza as dificuldades que ela enfrentava para cumprir sua missão". A mulher sofria de depressão.

O presidente Nicolas Sarkozy decepcionou estudantes e professores com sua política de cortes na educação.
O presidente Nicolas Sarkozy decepcionou estudantes e professores com sua política de cortes na educação. REUTERS/Pierre Andrieu
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Eram 9h50 no horário local, no intervalo da manhã, quando a professora de matemática identificada como Lise, de 44 anos, se molhou com gasolina e acendeu um palito de fósforo, ateando fogo ao corpo diante de dezenas de adolescentes em estado de choque pela violência da cena. Segundo testemunhos, enquanto as roupas e o corpo de Lise pegavam fogo, ela dizia que tentava se matar por causa dos alunos. Dois rapazes conseguiram imobilizá-la com a ajuda de professores e apagaram as chamas. Lise estava consciente quando a equipe de resgate chegou à escola para socorrê-la.

Um professor do estabelecimento declarou hoje ao jornal Aujourd'hui en France que a tentativa de suicídio foi premeditada, já que Lise esperou a hora da recreação para se imolar. De acordo com esse professor, isso mostra que ela queria chamar a atenção para as dificuldades que enfrentava no ambiente de trabalho. Com sinais de depressão, a professora de matémática lecionava desde setembro em meio período.

O ministro da Educação, Luc Chatel, declarou que Lise recebia acompanhamento médico e pedagógico das equipes do ministério. Ele visitou a professora hospitalizada em Montpellier. Ela sofre de queimaduras de terceiro grau na maior parte do corpo e seu estado é considerado preocupante pelos médicos. O ministro estima que se trata de um caso isolado.

A comunidade de ensino sabia que a professora passava por um momento difícil, fragilizada desde a morte de um sobrinho, no ano passado, ao qual ela era muito apegada. 

O governo enviou uma equipe de psicólogos à escola para dar atendimento aos adolescentes traumatizados pelo incidente. Em estado de choque, dois adolescentes tiveram de ser hospitalizados.

O mal-estar dos professores franceses

Desde a posse do presidente Nicolas Sarkozy nota-se um mal-estar crescente na rede pública de ensino. O governo cortou, em cinco anos, 80 mil postos de professores e assistentes de educação na rede pública, ao mesmo tempo em que o número de estudantes aumentou, segundo os sindicatos de professores. 

São frequentes as queixas de classes superlotadas e dificuldades no relacionamento entre professores e alunos. Os professores se sentem desamparados, criticados pelos pais e pelo próprio Estado, que não oferece condições de trabalho adequadas.

A desvalorização dos salários e o enfraquecimento da imagem do professor na sociedade já não atraem mais jovens candidatos à profissão. Segundo um relatório recente da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o peso das desigualdades sociais continua preponderante na França, o que explica a performance mediana dos alunos de 15 anos nos testes comparativos com outros países desenvolvidos.

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