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França/descoberta

Cientistas franceses descobrem que células-tronco resistem à morte

Uma descoberta pode revolucionar a noção de vida e morte e abre novas perspectivas para as terapias celulares e a restauração de células sanguíneas imunitárias e o tratamento do câncer. Um grupo de pesquisadores do Instituto Pasteur, na França, descobriu que as células-tronco do músculo humano sobrevivem 17 dias depois da morte, e continuam a se diferenciar se forem expostas ao oxigênio.

Células-tronco são essenciais para a pesquisa da cura de várias doenças.
Células-tronco são essenciais para a pesquisa da cura de várias doenças. DR
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Os pesquisadores franceses fizeram a descoberta por acaso, observando no microscópio tecidos retirados de um cadáver durante uma autópsia. Eles perceberam que as células observadas eram provavelmente células-tronco. O mais impressionante, dizem os cientistas, é que elas conservavam a capacidade de se diferenciar para gerar fibras musculares totalmente funcionais. A confirmação se deu em um teste realizado em ratos. Em seguida, a equipe do Instituto Pasteur fez a mesma experiência com as células-tronco da medula óssea, essenciais para tratar um paciente com leucemia, por exemplo, e descobriram que elas também poderia ser conservadas durante quatro dias depois do óbito.

Como as células-tronco conseguem sobreviver à morte? É preciso lembrar os fundamentos da biologia celular. Em entrevista à francesa Le Point, o professor Fabrice Chrétien, à frente da equipe de pesquisadores, explica que, sem oxigênio, as células entram em uma espécie de ‘hibernação’, eliminado as mitocôndrias, organelas responsáveis pela respiração e energia celular e reduzindo a velocidade do seu metabolismo. Em uma analogia simplista, podemos comparar o processo ao do organismo de um animal no inverno. “Em seguida, basta que o contexto do meio-ambiente seja novamente favorável, com oxigênio e nutrientes necessários, para reativar as células”, explicou o cientista. A equipe agora tenta descobrir se células-tronco de outras áreas do organismo também podem ser conservadas.

O resultado da pesquisa acaba de ser publicado na revista especializada Nature Communications e abre diversas perspectivas de tratamento, entre elas, uma nova fonte de células-tronco para uso terapêutico, que seriam doadas depois da morte com um pré-consentimento, como já ocorre com os órgãos atualmente. Além disso, a descoberta também cria a possibilidade de conservar as células por mais tempo. “Quatro dias depois da morte, a quatro graus, as células sobrevivem seis vezes mais sem oxigênio”, explica o cientista. O método bloqueia o processo de diferenciação e formação de tecidos, facilitando o transplante.

Descoberta também pode ajudar no tratamento do câncer

A pesquisa também abre perspectivas no tratamento do câncer. Ela sugere que algumas áreas pouco vascularizadas dos tumores seriam espécies de depósitos de células-tronco em estado de hibernação, que poderiam originar as metástases em caso de resistência às quimioterapias. O bloqueio da multiplicação das células cancerígenas continua sendo um dos maiores desafios da Oncologia.

 

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