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Avignon/Teatro

"Avignon Off" é vítima de seu sucesso

Além da programação oficial, que reúne os diretores mais cotados da cena europeia, com produções financiadas em parte com dinheiro público, o Festival de Avignon é cada vez mais uma vitrine para as pequenas companhias francesas, à procura de programadores de teatro. Neste ano, 1161 espetáculos são apresentados no circuito paralelo Avignon Off, onde se misturam teatro de qualidade e produções meramente comerciais.

Cartazes de peças estão espalhados por Avignon.
Cartazes de peças estão espalhados por Avignon. Maria Emília Alencar/ RFI
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Enviada especial a Avignon

Os cartazes espalhados por toda a cidade dão o tom desta edição do Festival Avignon Off 2012 : muitas adaptações de textos clássicos de Molière, Shakespeare, Garcia Lorca ou Victor Hugo e uma infinidade de comédias com apelos comerciais de todos os gêneros. Para um espectador desavisado, fica difícil separar “o joio do trigo” e detectar as propostas realmente artísticas da programação.

Clique na imagem para conferir algumas fotos do Festival de Avignon 2012:

Inflação de espetáculos

Criado no final dos anos 60 por alguns artistas da cidade que não conseguiam incluir suas peças na programação oficial, o festival Avignon Off  vem crescendo em proporções gigantescas. Neste ano, 975 companhias, a grande maioria francesas, apresentam 1161 espetáculos em 104 lugares diferentes. O Festival Off é hoje é 400 vezes maior do que o festival oficial.

Para se ter uma ideia, dos 5 mil espetáculos criados anualmente na França, 600 podem ser vistos atualmente em Avignon. A efervescência é extraordinária, mas como reconhece o próprio presidente da Associação que coordena Avignon Off, Greg Germain, a inflação de espetáculos exige uma nova organização e talvez uma ajuda mais concreta do governo.

Numa entrevista à RFI, o secretário-geral do sindicato francês CGT do espetáculo, o ator Jean François Pujol, explicou que o aumento do número de espetáculos independentes em Avignon se deve à falta de perspectivas na cena teatral do país : com as dificuldades cada vez maiores de financiamento para produções teatrais independentes, todo mundo vem tentar a sorte em Avignon, onde pode ser visto pelos programadores.

Programação desigual

O circuito Avignon Off é bem eclético e apresenta espetáculos das 10h da manhã às 2 da madrugada até o final de julho. Em destaque esse ano, uma peça inspirada na biografia do ex-tenista André Agassi, encenada pela jovem atriz francesa Marie Rémond no Teatro Chêne Noir, um dos mais reputados da cena Off. Muito elogiado também, o monólogo interpretado pela atriz Laurent Fréchuret, sobre Jeanne d’Arc intitulado Sainte dans l’incendie e uma criação coletiva belga Le Signal du Promeneur.

Mas, se certamente muitos espetáculos de qualidade figuram na safra 2012, uma quantidade de comédias com apelações comerciais e não artísticas caracterizam infelizmente a programação Avignon Off deste ano : alguns títulos das peças, traduzidos livremente para o português já dão o tom da proposta : Minha mulher me considera um sex toy, Alex serial lover, Faça sexo com um belga, Guerra dos Sexos ou Fuck Off.

O célebre ator Jean Vilar, fundador do festival de Avignon, cujo centenário de nascimento é comemorado este ano, “deve estar tremendo em seu túmulo” - como disse uma espectadora assídua do festival.

 

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