Acessar o conteúdo principal
Atirador/Paris

Atirador de Paris acreditava em "complô fascista"

Abdelhakim Dekhar, 48 anos, suspeito de ser o “atirador de Paris”, preso na noite de quarta-feira após uma caçada de vários dias, foi interrogado nesta quinta-feira, mas preferiu manter silêncio. Mensagens escritas por Dekhar encontradas pela polícia indicam que ele estava obcecado pela ideia de um “complô fascista”, pelos malefícios do capitalismo e da “manipulação das massas” pela mídia.

Imagem do atirador de Paris divulgada pela polícia de Paris, no dia 19/11/2013.
Imagem do atirador de Paris divulgada pela polícia de Paris, no dia 19/11/2013. Reuters
Publicidade

As motivações para os ataques ainda não foram esclarecidas, mas os textos de Dekhar evocam perigos capitalistas e citam conflitos do mundo árabe, segundo uma fonte próxima das investigações. Uma outra fonte fala em mensagens "confusas". Rémi Lorrain, advogado de Dekhar explicou que seu cliente preferiu "por enquanto, usar o direito de se manter em silêncio", por não ter tido acesso ao seu dossiê.

Ele foi encontrado semi-inconsciente, dentro de um carro em uma garagem subterrânea na região parisiense, após uma tentativa de suicídio com medicamentos. Seu paradeiro foi estabelecido por causa da denúncia de uma pessoa que hospedou Dekhar.

Seu DNA correspondeu ao material recolhido nas investigações como sendo do suspeito de ter atirado contra um jovem fotógrafo na sede do jornal Libération, no centro de Paris, na segunda-feira, antes de abrir fogo em um centro empresarial. Em seguida, o suspeito tomou como refém o motorista de um carro e exigiu que fosse deixado na região dos Champs Elysées. Na sexta-feira, ele ameaçou um jornalista do canal BFMTV com uma arma.

A detenção provisória de Dekhar foi prorrogada por mais um dia.

Passado extremista

As mensagens de Dekhar trazem de volta ao presente a figura do extremista de esquerda envolvido em um tiroteio em Paris que provocou a morte de cinco pessoas, há quase 20 anos. Foi ele quem forneceu a arma aos dois jovens autores dos assassinatos, em um caso conhecido como Florence Rey-Audry Maupin, que teria inspirado o filme “Assassinos por Natureza”, de Oliver Stone. Ele foi condenado em 1998 a quatro anos de prisão.

Na época, Dekhar, apelidado de Toumi, nascido no leste da França, frequentava grupos anarquistas e de extrema-esquerda que eram vigiados pela polícia. Durante seu processo, tentou convencer o júri que era um agente secreto argelino encarregado de desmascarar eventuais militantes integristas.

Depois de sua libertação, a polícia não teve mais notícias dele. “Ele provavelmente foi para um país estrangeiro, mas seu percurso e motivação ainda são desconhecidos”, disse o ministro do interior. Os investigadores devem agora tentar entender por que, apesar desse passado, Abdelhakim Dekhar não estava fichado, fato que teria permitido uma detenção muito mais rápida.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.