Filme sobre escândalos de Strauss-Kahn estreia na internet
Estreou na madrugada desde domingo (18), via internet, o primeiro filme sobre o escândalo sexual que resultou na demissão do ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) Dominique Strauss-Kahn. Estrelado por Gérard Depardieu, Welcome to New York passou a ser transmitido à meia-noite no horário francês (19h em Brasília).
Publicado em: Modificado em:
A première havia ocorrido três horas antes, para 500 convidados, em uma sala a poucos metros do Festival de Cannes. Mais de 4,5 mil jornalistas tentaram assistir à projeção. Quem ficou de fora da poderá ver o filme pela internet por 7 euros (cerca de 22 reais), por meio da compra video on demand (VOD).
O filme não concorre em nenhuma categoria da mostra, mas era um dos assuntos mais falados no evento neste sábado. O longa de Abel Ferrara retrata os escândalos que, há quase três anos, arruinaram os planos do ex-diretor do Fundo Monetário Internacional Dominique Strauss-Kahn de concorrer à presidência da França. Ele era o candidato favorito para as eleições presidenciais de 2012.
Após a première, Gérard Depardieu e Abel Ferrara concederam uma coletiva de imprensa, transmitida ao vivo pela televisão, uma exposição midiática que não foi concedida nem a "Grace: A Princesa de Mônaco" ou a "Saint Laurent", duas das principais estreias do festival.
Depardieu mergulha no papel
“Foi uma aventura única por ser inspirada de fatos reais que todo o mundo acompanhou”, disse Depardieu. “Eu não quis condenar ou dar razão ao meu personagem”, explicou o ator. Quanto aos diálogos entre o Strauss-Kahn e sua esposa na época dos escândalos, Anne Sinclair, o astro indicou que “foi preciso improvisar”, afinal ninguém sabe “os mistérios que rondam esse casal”.
“Achei a performance de Depardieu extraordinária e o filme, muito interessante”, comentou o cineasta Claude Lelouch, após assistir Welcome do New York (clique para ver o trailer).
Processos
Vincent Maraval, um dos produtores do longa, afirmou que, até o momento, os produtores não foram procurados pelo ex-diretor do FMI ou seus representantes. “É uma produção americana, portanto respeita as leis americanas. Nossos advogados leram o roteiro e assistiram ao filme”, explicou, perguntado sobre eventuais processos que poderiam ser movidos por Strauss-Kahn contra o filme.
Neste domingo, a ex-mulher de DSK, como ele é conhecido na França, disse que sentiu “nojo” ao assistir ao filme, mas não pretende processar a produção. “Como a personagem Simone supostamente me representa, quero falar apenas sobre o meu nojo. Não darei o prazer a Ferrara e Maraval de lhes processar na Justiça. Não processo a sujeira: eu a vomito”, declarou a jornalista Anne Sinclair, editora da versão francesa do site Huffington Post.
Strauss-Kahn já entrou com um processo de difamação contra uma editora e o escritor francês Régis Jauffret, autor de "Balada de Rikers Island", um romance protagonizado por um chefe de uma instituição internacional acusado de tentativa de estupro.
O crítico Scott Foundas é um dos poucos privilegiados que assistiram à primeira exibição do longa. "O filme traz um aviso de que trata-se de uma obra ficcional, mas Ferrara rodou algumas cenas em estilo quase documental. Recorreu a policiais que participaram do caso e que interpretam eles mesmos no filme”, conta. “Ele também filmou a casa alugada por DSK e sua esposa em Nova York, para viverem durante a prisão domiciliar."
Os produtores escolheram um modo de distribuição audacioso, rompendo com a habitual cronologia de primeiro estrear nas telonas e depois sair em DVD ou VOD, antes de passar nos canais pagos e abertos. As regras puderam ser quebradas porque o filme não recebeu nenhum subsídio dos canais de televisão franceses.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro