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França/Greve

Greve de ferroviários franceses completa uma semana sem diálogo

A greve dos ferroviários franceses chega ao oitavo dia nesta quarta-feira (18) e, apesar de ter perdido força, continua tumultuando a vida dos passageiros. A categoria protesta contra uma reforma do setor proposta pelo governo. O texto começou a ser discutido na Assembleia Nacional nesta terça-feira.

Grevistas protestaram nas ruas de Paris contra reforma do sistema ferroviário francês.
Grevistas protestaram nas ruas de Paris contra reforma do sistema ferroviário francês. REUTERS/John Schults
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Com a colaboração de Henrique Valadares

Somente 14% dos ferroviários estão em greve, contra 28% no início do movimento, e a maioria da população é contrária à paralisação. Mesmo assim, a pressão continua para que o governo retire a reforma, que planeja unir as duas empresas estatais das ferrovias franceses : a SNCF e a RFF. O principal objetivo do texto, que começou a ser discutido nesta terça-feira na Assembleia, é preparar a empresa para a abertura para a concorrência.

O economista francês Thomas Coutrot, chefe do departamento de condições de trabalho e saúde do Ministério do Trabalho francês, lembra que "a greve mobiliza os condutores de trem, que são a categoria mais militante do órgão, e também a que pode parar o trânsito". Para ele, a mobilização é uma espécie de "greve por procuração", algo recorrente na França, quando a parte mais radical e estratégica de um setor cruza os braços para o conjunto da empresa. Mas o economista afirma que o movimento deve ter problemas para continuar com força, tendo em vista o contexto econômico e as férias de verão que se aproximam.

Já Joël Sohier, professor de economia na Universidade de Reims e autor do livro O Sindicalismo na França, pensa que a situação das greves vai piorar. "Há uma recomposição do movimento dos sindicatos e isso seria extremamente perigoso para o governo." Se uma das grandes questões da reforma é a dívida do setor ferroviário francês, Sohier lembra que "a última reforma da SNCF, de 1998, deveria resolver o problema da dívida, mas ela continua a crescer". O professor ressalta que o montante de €44 bilhões certamente nunca será pago.

Segundo Sohier, apesar de o primeiro-ministro francês Manuel Valls ter afirmado que o governo está aberto às negociações, as primeiras conversar teriam sido realizadas apenas com os sindicatos que não fazem parte da greve. Para o especialista, isso provocou a radicalização dos grevistas. 

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