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França/governo

Premiê francês obtém voto de confiança da Assembleia Nacional

Pela segunda vez em cinco meses, o premiê francês Manuel Valls obteve o voto de confiança da Assembleia Nacional nesta terça-feira (16) com uma maioria de 269 votos. 244 parlamentares votaram contra e 53 se abstiveram. O resultado mostra a dificuldade do governo em obter não só a aprovação popular, mas também o apoio dos próprios correligionários.

O premiê francês Manuel Valls na Assembleia Nacional nesta terça-feira
O premiê francês Manuel Valls na Assembleia Nacional nesta terça-feira REUTERS/Gonzalo Fuentes
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A sessão começou em clima de tensão na Assembleia Nacional. Trinta e um deputados do PS (Partido Socialista) votaram contra, além dos representantes do Partido Ecologista, mas o governo acabou obtendo o voto de confiança. “É uma mensagem que lançamos para os franceses. Os franceses não entenderiam que socialistas não dessem o voto de confiança para socialistas”, disse o deputado franco-brasileiro Eduardo Rihan Cypel, secretário nacional do PS (Partido Socialista). Para ele, o principal desafio agora é "continuar o caminho e obter resultados. É isso que os franceses estão esperando e por isso eles colocaram o Partido Socialista no poder."

Em um discurso de quase uma hora, o primeiro-ministro francês tentou convencer os dissidentes do PS e a oposição das ações do governo para relançar a economia e o emprego no país. Citando a crise econômica mundial que atinge o mundo e a França, ele enumerou as medidas adotadas contra a desaceleração econômica. Entre elas, a redução dos impostos e de cortes orçamentários para relançar o consumo. O déficit francês deve chegar a 4,4% este ano e a 4,3% em 2015.

"O acúmulo de impostos desde 2010 se tornou insuportável para os franceses", disse o premiê, prometendo que seis milhões de lares serão beneficiados por uma baixa em 2015. Ele também anunciou uma ajuda do governo para aposentados que recebem menos de € 1200 (cerca de R$ 3600) por mês." Nada entretanto deve nos fazer desviar do nosso objetivo de economizar 50 bilhões de euros", declarou.

A sessão começou por volta das 15h (horário local). Às 17h40, o premiê abriu a votação, que terminou por volta das 18h40. O debate foi acirrado: diante dos ataques do deputado do partido de oposição, a UMP, Christian Jacob, que chegou a propor a dissolução da Assembleia e a demissão do presidente francês François Hollande, Valls respondeu que a oposição “não realizou as reformas necessárias quando estava no poder e deveria assumir suas responsabilidades.” Segundo ele, “a maioria socialista vai até o fim de sua missão.”

Para o premiê, “não se pode culpar a França por um problema de conjuntura, que se traduz por um aumento do populismo e o avanço da extrema-direita.” A oposição fez críticas severas ao discurso do premiê, considerado contraditório e dirigido para o Partido Socialista, não aos franceses. “Este governo não vai durar muito tempo”, disse o ex-ministro do Trabalho do governo de Nicolas de Sarkozy e deputado Eric Woerth.

Demonstração de força

Para cientista político do Observatório Político da América Latina da Sciences Po, Gaspard Estrada, o voto de confiança era uma demonstração de força necessária para o governo. “Nas últimas semanas só se falou da derrota e dos problemas do governo, mesmo que seja um voto simbólico. Na prática, isso não muda a vida do cidadão, mas o governo estava precisando de uma repercussão política no noticiário de uma ação dele. O voto de confiança se insere nesta lógica”, resume.
 

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