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França/Discriminação

Premiê diz que negar enterro a criança cigana é uma 'injúria' à França

Cresce na França a polêmica sobre o caso do bebê cigano que teve seu sepultamento rejeitado no cemitério municipal de Champlan, na região parisiense. Neste domingo (4), o prefeito da cidade, Christian Leclerc, negou ter recusado o enterro do bebê de dois meses, vítima da síndrome de morte súbita do lactante. O prefeito alegou que "houve um erro de compreensão na cadeia de decisão" da administração municipal.

A família do bebê cigano mora nesta favela de Champlan, na região parisiense.
A família do bebê cigano mora nesta favela de Champlan, na região parisiense. AFP PHOTO JACK GUEZ
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O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou hoje pelo Twitter que rejeitar o sepultamento de uma criança cigana é uma "injúria ao que a França representa". O caso provoca forte emoção entre vereadores e associações de defesa dos direitos humanos, que ameaçam processar o prefeito. O Defensor dos Direitos, Jacques Toubon, se declarou "consternado" e indicou que poderia acionar a justiça por "discriminações diante da morte".

Segundo o prefeito de Champlan, o bebê, uma menina chamada Maria Francesca, poderia ser sepultado em dois cemitérios da região, nas localidades de Corbeil ou Champlan. "Eu autorizei, na quarta-feira, as duas opções", disse Leclerc. Ele afirma que suas instruções foram "mal interpretadas" pelos funcionários que estavam de plantão no período de festas.

Racismo

Segundo Loïc Gandais, presidente da Associação de solidariedade com as famílias ciganas e romenas (ASEFRR), a decisão foi "puramente racista". "Isso é racismo, xenofobia e estigmatização", declarou o representante.

O caso já havia sido divulgado pelo jornal Le Parisien. Ao diário, o prefeito explicou que a manutenção dos túmulos no cemitério custa caro e a prioridade é dada àqueles "que pagam impostos na cidade." A menina morava em uma favela com sua família e outros 80 ciganos, sem água ou eletricidade. Os pais, segundo a associação, vivem há pelo menos oito anos na França.

O bebê nasceu no dia 14 de outubro e faleceu da chamada síndrome da morte súbita do lactante, na noite do dia 25 de dezembro na rua, nos braços da mãe. A menina chegou a ser transportada de ambulância para um hospital, mas já estava morta. Os pais pediram a uma funerária local que obtivesse uma autorização para enterrá-la no cemitério municipal de Champlan, onde vivem, mas a prefeitura se recusou a realizar a cerimônia. De acordo com o gerente da funerária, Julien Guenzi, não foram dadas maiores explicações.

Franceses manifestam "vergonha"

Desde ontem, as redes socias foram inundadas por mensagens de franceses dizendo ter "vergonha" do tratamento dado à família de ciganos. A secretária de Estado da Família, Laurence Rossignol, afirmou no Twitter que a família do bebê está sendo submetida a uma "humilhação".

O bebê será enterrado nesta segunda-feira (5) no cemitério municipal de Wissous, perto de Champlan.

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