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França/Enchentes

Sobe para 19 número de vítimas das enchentes no sul da França

As equipes de resgate encontraram os corpos de mais dois desaparecidos na Riviera Francesa, depois dos fortes temporais do último sábado (3), aumentando para 19 o número de vítimas das enchentes. Uma britânica, uma italiana e um português estão entre os mortos. Duas pessoas continuam desaparecidas. As cidades mais atingidas são cartões postais da França, como Cannes, onde acontece o famoso festival de cinema, Nice e Antibes.

Combinação entre excesso de urbanização e aquecimento global causou catástrofe no sul da França
Combinação entre excesso de urbanização e aquecimento global causou catástrofe no sul da França REUTERS/Eric Gaillard
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O presidente François Hollande visitou a região no domingo. "Sempre houve catástrofes", declarou. "Mas o ritmo e a intensidade aumentaram". O chefe do Estado, que acolherá no fim do ano a Conferência sobre o Clima (COP21) aproveitou a ocasião para lembrar a necessidade de "tomar decisões" para lutar contra o aquecimento global, que multiplica os eventos climáticos extremos.

O governo vai decretar estado de catástrofe natural na próxima quarta-feira, para liberar verbas do Estado e indenizações das companhias de seguro. "Não tardarei a reunir no ministério todos os serviços competentes, além das seguradoras, para avaliar em que condições podemos acelerar" as reparações, declarou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, prometendo que os "fundos do Estado" serão "disponibilizados o mais rápido possível".

Antes mesmo das chuvas, a região dos Alpes Marítimos havia sido colocada em alerta laranja, a população informada e orientada a tomar precauções. Mesmo assim, quando em cidades como Cannes choveu em duas horas a média de dois meses, a população foi surpreendida. A maior parte das vítimas morreu tentando salvar móveis e carros.

Por isso, nesta segunda-feira, um dos principais assuntos em pauta era a capacidade das autoridades de se antecipar às catástrofes. "Será que deveríamos ter decretado alerta vermelho (quando há alto risco)?", se perguntou o porta-voz do governo Stéphane Le Foll. "É preciso analisar se poderíamos ter previsto o que aconteceu".

Aquecimento e urbanização

De acordo com o serviço de meteorologia francês, embora extremamente intenso, o fenômeno não é excepcional, e seria até mesmo normal entre o final do verão e o início do outono na região do Mediterrâneo. As hipóteses mais frequentemente apontadas pelos especialistas para esse excesso de chuva são relacionadas ao aquecimento global. Mas a enchente é principalmente o resultado da intensificação da urbanização na região nos últimos anos. "Uma loucura do setor imobiliário", como classifica o jornal Aujourd'hui en France desta segunda-feira.

O solo natural da região está sendo cada vez mais coberto por cimento e asfalto e se torna gradativamente incapaz de absorver a chuva. Especialistas alertam que em algumas cidades, a noção de "zona rural", já nem existe mais, devido ao excesso de construções de prédios e estradas. Essa urbanização deverá ser repensada já que, de acordo com os meteorologistas franceses, esse tipo de fenômeno pode se tornar mais frequente.

Infraestrutura

Nesta manhã, cerca de 9 mil lares continuavam sem energia elétrica, principalmente na cidade de Cannes. Ao sul da marina, falta luz para 7 mil pessoas e, ao redor do aeroporto, para 1,5 mil, informou a ERDF, companhia responsável pelo abastecimento. A falta de luz se deve ao fato de que os postos de alimentação dessas duas zonas continuam alagados, o que impede o trabalho dos técnicos.

A circulação também está afetada: a lama ainda interrompe o tráfego rodoviário e ferroviário em vários pontos da região da Côte d'Azur. A empresa de administração do transporte público, SNCF, tenta restaurar a recuperação de algumas linhas locais, utilizadas diariamente por milhares de passageiros. O trem-bala que normalmente liga Paris a Nice está parando em Toulon, a 125 quilômetros de distância.

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