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França/COP 21

Marina Silva cobra "mais compromissos" na COP 21

A ex-candidata à presidência Marina Silva, principal líder do recém-criado partido Rede Sustentabilidade, fez uma conferência sobre Sustentabilidade nesta terça-feira (8) na prestigiada Universidade Sorbonne, em Paris. Segundo Marina, o mundo atravessa uma profunda "crise civilizatória" e necessita de uma revisão de valores "éticos" para alcançar um novo modelo de desenvolvimento sustentável.

Marina Silva participou de conferência sobre sustentabilidade na Sorbonne, em Paris.
Marina Silva participou de conferência sobre sustentabilidade na Sorbonne, em Paris. Vagner Campos/MSILVA Online
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Marina veio a Paris para participar do evento universitário e de um painel sobre desmatamento na grande Conferência do Clima, a COP 21, que entrou em uma semana decisiva. Na sala Bourjac, na Sorbonne, diante de uma plateia de 80 estudantes, professores e curiosos, a ex-ministra do Meio Ambiente (2003-2008) disse que o atual modelo econômico, baseado no consumo e no esgotamento dos recursos naturais, é insustentável.

"As pilastras do atual sistema estão ruindo e é preciso entender que a crise civilizatória da qual eu falo se alimenta de múltiplas crises: econômica, política, social, ambiental e, sobretudo, de "valores". É preciso buscar a sustentabilidade em várias dimensões", explicou Marina. "Existe uma emergência civilizatória. O modelo da era pós-industrial trouxe muito sucesso, mas agora está em crise e não há tempo para fazer uma transição demorada. Precisamos agir rápido", enfatizou Marina. Ela também se referiu a uma crise "ética" e deu como exemplo o Brasil, "onde se paga propina para vencer uma licitação que trará satisfação relativa, a um pequeno grupo de interessados". A ex-ministra afirmou que o mundo já dispõe de respostas técnicas para produzir uma economia limpa, "mas os problemas que enfrentamos não são técnicos, são éticos".

Marina faz duras críticas aos combustíveis fósseis

Marina fez duras críticas aos subsídios concedidos aos combustíveis fósseis, inclusive no Brasil. "Isso vai na contramão da humanidade e contribui para a crise civilizatória. É uma incoerência estarmos em uma luta para reduzir as emissões e países continuarem a subsidiar combustível fóssil, em vez de deslocar recursos para investir em energia limpa, renovável, em energia segura", insistiu. O tema é motivo de atrito nas negociações. Os países produtores de petróleo se opõem a qualquer menção ao fim das energias fósseis.

Questionada sobre as negociações em curso na COP 21, Marina disse que o desafio da conferência é o de "fechar um acordo que não protele medidas inadiáveis". "Acho que já existe um compromisso em que um grande número de países se comprometeu com responsabilidades nacionais e isso é bom. Por outro lado, este compromisso ainda está aquém das necessidades de redução [de emissões] para que a temperatura fique abaixo de 2°C", acrescentou. Marina também defendeu uma revisão do texto final a cada cinco anos, "para que as metas sejam revistas e ampliadas".

Vários pontos do acordo permanecem em aberto

O principal objetivo da COP 21 é renovar e gerar um novo acordo em substituição ao Protocolo de Quioto, cuja validade se encerra em 2020. O texto deve incluir compromissos e metas de todos os países do mundo, no esforço coletivo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Desta maneira, espera-se evitar que o aumento da temperatura média do planeta ultrapasse os 2°C, considerado o “limite de segurança” além do qual os efeitos das mudanças climáticas seriam irreversíveis. Essa temperatura foi estabelecida pelo painel de cientistas da ONU que analisam esse tema, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre mudanças Climáticas, na sigla em inglês).

A ex-ministra também se posicionou sobre a questão do financiamento das ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima pelos países pobres, um tema que ainda continua sobre a mesa de negociações. "Os países ricos, que têm uma responsabilidade histórica no volume de emissões, devem assumir compromissos compensatórios para ajudar as economias em desenvolvimento a fazer a transição energética", opinou. "Isso não isenta os países emergentes, como Brasil, Índia, China e África do Sul, de assumir compromissos diferenciados", completou.

A questão mais difícil continua sendo a transferência de dinheiro dos países ricos para os pobres se adpatarem às transição energética e a combaterem os efeitos das mudanças climáticas.

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