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Governo francês anuncia novo plano contra o terrorismo

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anunciou nesta segunda-feira um novo plano de luta contra o terrorismo e a radicalização jihadista na França. Um dos destaques é a criação até 2017 de diversos centros de reintegração para pessoas radicalizadas.

A França vai criar até o final de 2017 um centro de reintegração em cada região do país para "pessoas radicalizadas".
A França vai criar até o final de 2017 um centro de reintegração em cada região do país para "pessoas radicalizadas". Eric FEFERBERG / AFP
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“A luta contra o jihadismo é sem dúvida o grande desafio de nossa geração”, disse Valls, que, em abril deste ano, chegou a afirmar que “grupos salafistas estavam ganhando a batalha ideológica e cultural na França”.

O novo plano de "luta contra o terrorismo" do premiê francês visa dobrar a capacidade de vigilância dos jovens ativos em redes jihadistas ou que correm risco de se juntar a elas. Na França, após os ataques terroristas de 2015, cerca de 10 mil pessoas são vigiadas por radicalização violenta, segundo o jornal Le Parisien.

Jovens, radicalização e sistema carcerário

De acordo com o governo francês, das cerca de 9,3 mil pessoas monitoradas por "radicalização violenta", 30% são mulheres e 20%  são menores de idade. Atualmente, 1,6 mil jovens franceses são vigiados, de acordo com Manuel Valls. A meta é chegar a 3,6 mil pessoas em dois anos. Para financiar seu plano, o governo francês liberou um orçamento adicional de €40 milhões em 2017.

O governo estima ainda que 1,5 mil dos 66 mil prisioneiros na França são "radicalizados" dentro do sistema carcerário, dentro dos preceitos da doutrina islâmica. Quase todos os ataques terroristas nos últimos anos na França foram realizados em nome do Islã, e executados por jovens franceses. Em 2015, os ataques jihadistas produziram um saldo de 147 mortos e centenas de feridos.

De acordo com o plano de ação anunciado nesta segunda-feira por Manuel Valls, todas as 13 regiões francesas contarão com uma estrutura pequena de “contra-radicalização”. Pelo menos metade das instituições acolherão, a pedido de uma autoridade judicial, pessoas que não podem ser detidas, uma vez que não cometeram crime, mas que se encontram sob supervisão judicial, disse o primeiro-ministro. Um centro está previsto para ser aberto no território francês da ilha de Mayotte, no Oceano Índico, segundo o governo.

Programas similares já foram implementados com relativo sucesso em vários países europeus, incluindo a Grã-Bretanha e Norte da Europa. Na França, várias células experimentais já existem, mas sua eficácia depende de perfis individuais e da cooperação dos indivíduos.

Comunicação como arma contra o discurso radical

O governo francês, que já lançou parcerias com gigantes da internet, quer "construir um discurso poderoso contra a propaganda jihadista e salafista, para quebrar essa doutrinação em grande escala". Outra medida possível é a criação de um "conselho científico permanente" sobre a radicalização e o terrorismo, que poderia coordenar uma rede de investigação e reforçar os laços entre pesquisadores e funcionários dedicados à luta antiterrorista.

Outro ponto importante é o controle de profissionais em posições "sensíveis", especialmente no setor dos transportes. Os inquéritos administrativos que fazem a triagem das profissões regulamentadas são realizados a cada três anos, mas o objetivo é fazê-los com mais frequência. Outra medida é a criação de uma ficha PNR (Passenger Name Record), que registrará automaticamente as informações de todos os passageiros aéreos e que deverá estar operacional daqui a dois anos.
 

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