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França

Vice-presidente da Assembleia francesa renuncia após ser acusado de agressão sexual

A França acordou nesta segunda-feira (9) sob um escândalo de agressão e assédio sexual que tem como protagonista um célebre político, o deputado Denis Baupin, antigo membro do partido ecologista Verdes (EELV). Depois que testemunhos de algumas de suas colegas vieram à público hoje, Baupin foi obrigado a pedir demissão da vice-presidência da Assembleia de deputados.

O vice-presidente da Assembleia Nacional francesa, o deputado ecologista Denis Baupin, acusado de assédio e agressão sexual pediu demissão nesta segunda-feira.
O vice-presidente da Assembleia Nacional francesa, o deputado ecologista Denis Baupin, acusado de assédio e agressão sexual pediu demissão nesta segunda-feira. JEAN-SEBASTIEN EVRARD / AFP
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Revelados pela rádio France Inter e pelo site de informação Mediapart, os depoimentos de quatro mulheres, todas elas colegas de Baupin, chocaram a opinião pública francesa. Outras aceitaram testemunhar sob anonimato, com medo de sofrer represálias. As acusações foram classificadas pelo político como "mentirosas" e o deputado prevê recorrer à justiça por "difamação".

Entre as que aceitaram falar e tiveram seu depoimento divulgado nesta manhã, está a porta-voz do EELV, Sandrine Rousseau. Segundo ela, vários membros do partido estavam a par do controverso comportamento de Baupin. "Ele me empurrou contra uma parede, pressionando meus seios e tentou me beijar no corredor, durante a pausa de uma reunião que eu dirigia. Eu contei o episódio a dois membros da direção do partido. Um me disse: 'Ah, ele recomeçou'. E o outro: 'são coisas que acontecem muito frequentemente'", contou.

"Adoraria sodomizar você"

Outro depoimento é da vereadora da cidade do Mans, Elen Debost, que conta que recebeu, durante vários meses, muitos SMS do deputado com "conteúdo sexual". "Eu respondia, explicando que eu não estava interessada e que tinha outra pessoa em minha vida. Mas minha resposta educada não era compreendida. Essa situação durou vários meses; recebi mais de 150 mensagens deste tipo no meu celular", contou.

Debost descreveu os textos que recebeu de Baupin: "Adoraria sodomizar você", "você deve ser uma dominatrix formidável", "gostaria de ver suas nádegas".

O fator decisivo para que ela aceitasse tornar o assédio público foi o engajamento de Baupin em uma campanha contra a violência contra as mulheres, no último dia 8 de março. Ele posou para uma foto, ao lado de vários outros deputados franceses, usando batom vermelho. "Eu tive náuseas quando vi essa foto e realmente vomitei", disse à France Inter.

O mesmo tipo de situação foi vivida pela deputada francesa Isabelle Attard. "Era um assédio quase cotidiano, com SMS provocadores, falando de minhas pernas, que ele gostaria de ser meu amante, etc. Eu sabia que ele mandava esse tipo de mensagens para mim e para várias outras de minhas colegas ao mesmo tempo", conta, ressaltando que muitas mulheres se calavam sobre o fato para não magoar a esposa de Baupin, a ecologista e ministra da Habitação da França, Emmanuelle Cosse.

Outra vereadora da região de Paris, Annie Lahmer, também diz ter sido vítima de um comportamento "inadequado" por parte do deputado. Para a rádio France Inter, ela contou que chegou a ser perseguida pelo deputado na sede dos Verdes, de quem foi obrigada a fugir "correndo". No dia seguinte, Baupin se negou a cumprimentá-la, ao que Lahmer respondeu: "então você nega a fala a todas as colegas que se recusam a dormir com você?". O deputado teria respondido: "saiba que você não terá jamais nenhum cargo importante neste partido".

Políticos franceses têm imagem machista

O escândalo denigre ainda mais a imagem dos políticos franceses, frequentemente acusados de machismo e comportamentos inapropriados, em um país traumatizado com as revelações sobre Dominique Strauss-Kahn, acusado de estupro em maio de 2011.

Em um caso mais recente, o ministro francês das Finanças, Michel Sapin, foi acusado em um livro de ter agido de forma imprópria com uma jornalista. Ele descreveu estas afirmações como "imprecisas e caluniosas".

Na França, a prescrição dos crimes de assédio e agressão sexuais é de três anos.

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