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Imprensa

Libération gera forte polêmica ao revelar falta de policiamento no 14 de Julho em Nice

O jornal Libération desta quinta-feira (21) traz uma revelação bombástica sobre o atentado de Nice, que deixou 84 mortos e mais de 200 feridos, na semana passada. Na manchete, o diário publica: "Nice: Falhas e uma Mentira", apontando erros da segurança do evento do 14 de Julho na avenida beira-mar da cidade, o Passeio dos Ingleses. "Contrariamente ao que afirmou o ministério do Interior, a entrada da zona de pedestres do Passeio dos Ingleses não estava protegida pela polícia nacional na noite do 14 de Julho", escreve Libération.

Capa do jornal francês Libération desta quinta-feira, 21 de julho de 2016, estampa a manchete: "Nice: falhas e uma mentira".
Capa do jornal francês Libération desta quinta-feira, 21 de julho de 2016, estampa a manchete: "Nice: falhas e uma mentira". Reprodução
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Em editorial, o jornal diz que, se acreditarmos no primeiro-ministro Manuel Valls e no ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, não houve falhas da segurança antiterrorismo. Mas o diário diz que o dispositivo no Passeio dos Ingleses na fatídica noite era muito mais leve do que o defendido pelo governo.

Uma investigação independente do jornal descobriu que apenas dois policiais municipais estavam nos arredores da entrada do Passeio dos Ingleses, onde o massacre começou. Além disso, ressalta que a viatura que a prefeitura garante que barrava a entrada do Passeio dos Ingleses nunca esteve lá, o que permitiu que o autor do ataque, Mohamed Lahouaiej Bouhlel, entrasse sem dificuldades na área reservada para o público.

O efetivo da polícia nacional se posicionou a 370 metros de onde o ataque teve início, segundo Libé. Nesse trecho, dezenas de pessoas morreram e foram feridas. "370 metros de dúvidas", estampa a principal matéria do jornal sobre a polêmica.

Libération teve acesso aos relatórios da prefeitura de Nice sobre o dispositivo de segurança adotado nas celebrações do 14 de julho. Oficialmente, 42 policiais municipais estariam no local. Mas onde estavam no momento em que o tunisiano Mohamed Bouhlel começou o atropelamento em massa, ninguém sabe.

"Falhas e mentiras"

Para o jornal, a falta de transparência sobre o que realmente aconteceu na noite compromete o executivo francês. Em editorial, o jornal acusa o governo de querer esconder da população a falta de um dispositivo eficaz para garantir a segurança de 30 mil pessoas. "Que tudo não seja exposto ao público em um combate subterrâneo contra o Estado Islâmico, é lógico. Mas que não se trate o que aconteceu em Nice como um erro político e ético, prejudica a confiança naqueles que estão encarregados em proteger o país, começando pela cúpula do governo", escreve o jornal.

Se um dispositivo reforçado poderia ter mudado os rumos do que aconteceu, é impossível de responder, diz Libé. Mas o caminhão de Bouhlel nunca deveria ter chegado ao local. A começar porque, segundo a legislação francesa, caminhões com mais de 7,5 toneladas estão proibidos de circular entre as 22 horas dos sábados e as 22 horas de domingo.

O jornal ainda lembra que o agressor tenha feito várias idas e voltas entre os dias 12, 13 e 14 de julho ao Passeio dos Ingleses, para reconhecer o local, passando despercebido e sendo gravado por câmeras de segurança. Uma série de erros, escreve Libération, que precisam ser explicados à população.

Em resposta ao jornal, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, anunciou na manhã desta quinta-feira que vai pedir uma avaliação técnica e completa do dispositivo de segurança durante o evento para, segundo ele, "acabar com essa polêmica inútil".

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