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A Semana na Imprensa

Le Monde retrata a extrema-direita brasileira

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Neste final de semana, a revista do jornal Le Monde dá continuidade à sua série de reportagens chamada “Faces do Brasil”. Nesta terceira parte, em seis páginas, a revista faz um retrato da extrema-direita brasileira, saudosista da ditadura militar.

Revista "M" do Le Monde retrata a "folclórica" extrema-direita brasileira.
Revista "M" do Le Monde retrata a "folclórica" extrema-direita brasileira. RFI/ M le Monde
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Em São Paulo, a revista entrevistou Adans Ghizzi. O militar aposentado é um dos líderes do movimento ultranacionalista que exige a volta do regime militar. Ghizzi está acampado na avenida Mario Kozel Filho há mais de um ano, fazendo sua campanha por uma intervenção militar contra o desemprego, a corrupção e o “roubo da nação”.

No gabinete do deputado estadual Paulo Telhada (PSDB-SP), os jornalistas do Le Monde ganharam pirulitos e balas das mãos do próprio deputado, um dos líderes da “bancada da bala” no estado. Ainda que não defenda uma intervenção militar, Telhada deixa claro suas preferências quando lembra que, durante a ditadura, “a lei era respeitada”.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o entrevistado foi o antigo capitão do exército Durval Ferreira, de 46 anos, que defende o porte de armas, pede a volta da censura na televisão e despreza o número de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar. Ferreira diz que 434 vítimas são poucas, se compradas às atuais mortes no trânsito.

A revista do Le Monde não descobriu somente militares saudosistas. A revista apresenta também Kim Kataguiri, estudante de São Paulo, que fez campanha pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Membro do movimento Brasil Livre, Kim diz que o mito fundador do PT é a luta contra a ditadura e, por isso, “quem é contra o PT é visto como alguém que é a favor do regime militar”. Mas, ele mesmo não pede a volta dos militares. Kim prefere a luta contra a corrupção, clamando por "um país limpo, republicano e ultraliberal".

O deputado da extrema-direita Jair Bolsonaro, que deveria ser a vedete da reportagem, não recebeu os jornalistas do Le Monde em Brasília. Mas a revista não deixou de lembrar as suas posições ideológicas e a quantidade expressiva de votos que ele recebe em cada eleição parlamentar.

A Comissão da Verdade

Para melhor entender a extrema-direita brasileira, a publicação recorreu à advogada Rosa Cardoso, que participou dos trabalhos da Comissão da Verdade. Segundo a advogada, a comissão cumpriu a sua missão, “permitindo aprofundar o conhecimento da violência, da brutalidade, da crueldade e da sistematização de graves violações do regime de 1964”.

Para terminar, a reportagem faz um rápido balanço da ditadura militar com seus 434 mortos e desaparecidos e 377 responsáveis, de acordo com a conclusão da Comissão da Verdade. A revista lembra, contudo, que a Lei da Anistia não permite a punição de nenhum dos torturadores da ditadura, o que ainda deixa muita gente frustrada no Brasil.

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