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A Semana na Imprensa

Funeral em vida vira moda na Coreia do Sul

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Quem já quase morreu garante que a experiência muda a vida. E se fosse possível passar por todo o ritual do próprio funeral e depois retornar? Essa é nova moda na Coreia do Sul, onde uma empresa especializada em proporcionar um sepultamento de mentira faz sucesso e atrai até grupos para uma “festa do caixão”.

"A experiência da Morte" tenta diminuir os casos de suicídios.
"A experiência da Morte" tenta diminuir os casos de suicídios. Captura de vídeo
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A revista francesa L’Obs desta semana testou o serviço e afirma que “é uma viagem engraçada”. A preparação começa dias antes do Dia D: o futuro morto é incitado a se desapegar de bens materiais, fazer doações e ações de caridade. Na data marcada, o cliente vai ao local e é convidado a escrever um pouco sobre a vida, em uma série de rankings – quem foram as pessoas mais marcantes, os momentos mais especiais, as mágoas mais profundas.

Depois, relata o texto, vem a etapa em que os defuntos do dia relatam, em grupo, por que estão ali. Uns se dizem estressados no trabalho, outros buscam encontrar “o eu interior”, enquanto um senhor de 60 anos sente que “a hora está chegando” e prefere se preparar.

O dono do estabelecimento, aliás, adverte que uma parte significativa dos clientes demonstra tendências depressivas e suicidas. L’Obs ressalta que a pseudofunerária jamais organizou um enterro de verdade.

O repórter conta que começou a se estressar com o exercício na hora de fazer a foto que ilustraria a sepultura. Sorrindo? Sério? Triste? O “defunto” também deve escolher a frase que será inscrita no túmulo e escrever uma carta de despedida.

Catástrofes e suicidas

Logo depois, todos são obrigados a assistir a um vídeo sobre a morte – que, segundo o texto, não tem nada de delicado. Imagens de acidentes de avião, atentados, tsunamis e outras tragédias se sucedem na tela, sob a frase: “a morte pode chegar a qualquer momento”. Por fim, narra a revista, são exibidas celebridades que se suicidaram.

L’Obs revela, então, o momento de descer ao subsolo “em uma penumbra pouco iluminada por velas” e entrar no próprio caixão. “Faz um silêncio mortal na peça”, afirma o texto. Todos vestem roupas tradicionais coreanas para o enterro e se preparam para o grand finale, com as mãos amarradas, conforme o costume local. Um jovem faz questão de dizer, em voz alta, algumas palavras de adeus.

Na hora de fechar o caixão, o repórter muda de ideia e pede para que não seja pregado. O funcionário, porém, ignora – ele garante que a experiência “é melhor” se for cumprida até o fim. No escuro total durante meia hora, o jornalista conta que acaba adormecendo. Seus colegas de enterro, no entanto, dizem ter nascido de novo quando o caixão foi reaberto. O gerente, observa L’Obs, informa que já perdeu as contas de quantos clientes deixaram de se suicidar depois de passar pelo Happy Dying.
 

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