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França/Islã

França inicia discussões sobre papel do Islã no país

O governo francês iniciou nesta segunda-feira (29) um debate sobre o Islã, segunda religião do país, depois do catolicismo. Uma tensão crescente em relação ao islamismo vem crescendo desde os ataques extremistas no país.

Grande Mesquita de Paris, com segurança reforçada após o atentado contra a revista Charlie Hebdo.
Grande Mesquita de Paris, com segurança reforçada após o atentado contra a revista Charlie Hebdo. REUTERS/Youssef Boudlal
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A controvérsia aumentou com a proibição em algumas praias francesas do burquíni, traje de banho para mulheres islâmicas. Para Anouar Kbibech, presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), principal instância representativa dos quatro milhões de muçulmanos no país, as discussões serão um "ponto final na novela repugnante do burquíni”.

A iniciativa dos debates foi de Bernard Cazeneuve, ministro do Interior, pasta que também é responsável pelos cultos no país. “O objetivo é fazer emergir de maneira voluntária, em respeito à laicidade, diálogo e respeito mútuo, um Islã francês mais integrado aos valores da República", declarou Cazeneuve.

Instituição laica terá presidente não-muçulmano

Está prevista uma série de reuniões com dirigentes culturais, personalidades da sociedade civil e parlamentares para lançar os fundamentos da futura "Fundação para o Islã da França". A estrutura está sendo discutida desde maio passado, mas a preparação se acelerou depois do atentado de Nice, em 14 de julho, que provocou 86 mortos, e o assassinato de um padre católico degolado perto de Rouen, por extremistas, em 26 de julho.

Uma das finalidades dessa fundação laica e da associação cultural dependente da mesma será, em particular, obter financiamento francês, já que os recursos que chegam do exterior é considerado pouco transparente.

O ex-ministro socialista Jean-Pierre Chevènement, de 77 anos, um fervoroso defensor do laicismo, será seu presidente. Mas a designação de um não-muçulmano gerou incompreensão entre islâmicos e membros da classe política.

Outras quatro personalidades, todas de confissão ou cultura muçulmana, integrarão o conselho de administração da fundação, como o escritor marroquino Tahar Ben Jelloun e o reitor da grande mesquita de Lyon (centro-leste), Kamel Kabtane.

Medida quer tornar financiamento de mesquitas mais transparente

Por causa da rígida separação entre Estado e cultos religiosos no país, em conformidade a uma lei que data de 1905, a "Fundação para o Islã da França" só tratará de questões seculares, como educação, pesquisa, formação cívica e outros.

O capítulo religioso da busca de financiamento – para formação teológica dos imãs e construções de mesquitas, por exemplo - ficará nas mãos de uma associação cultural administrada por representantes muçulmanos, da qual o Estado francês não fará parte.

A França, que integra a coalizão militar internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e Iraque, foi atingida em 2015 e 2016 por inúmeros atentados extremistas, que provocaram 17 mortes em janeiro de 2015, em Paris; 130 em 13 de novembro de 2015, também na capital, e 86 em 14 de julho de 2016, em Nice.

 

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