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França

Alto índice de suicídio de trabalhadores na França preocupa autoridades

De acordo com um estudo do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), a França é um dos países da Europa onde há o maior número de suicídios. A cada ano, entre 10 mil e 15 mil pessoas se matam no país, a maioria delas por razões relacionadas ao trabalho. Para o governo, o quadro retrata "um drama de saúde pública", especialmente nas empresas.

Segundo Ifop, 20% dos franceses já pensaram seriamente em se suicidar.
Segundo Ifop, 20% dos franceses já pensaram seriamente em se suicidar. Getty Images / zodebala
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A onda de suicídios na montadora Renault ou na empresa France Télécom, entre 2007 e 2009, chamou a atenção para um mal-estar que parece afetar um grande número de trabalhadores. Segundo o Ifop, 40% dos empregados reconhecem sofrer de um grande estresse e cansaço extremos no trabalho, que dariam origem à ideia do suicídio.

O estudo também revela que 20% dos franceses já pensaram seriamente em tirar sua própria vida. A porcentagem é mais alta, se comparada aos alemães (16%), espanhóis (15%) e italianos (12%). Do lado inverso, 61% dos entrevistados franceses disseram nunca ter pensado em se matar, uma diferença de 20 pontos em relação aos italianos (80%), por exemplo. Na Espanha, esse número seria menor, 70%, e, na Alemanha, 72%.

Esfera profissional x vida privada

"A França vive uma intensificação do trabalho com a transferência da esfera profissional à privada", explicou à RFI Jean-Claude Delgenes, diretor do centro de estudos Technologia, especialista em qualidade de vida no trabalho. Além disso, enfatiza, "há também uma influência importante do indíce do desemprego que abala os empregados e faz com que eles se dediquem ainda mais a suas atividades profissionais".

Para o especialista, outra característica a ser considerada é o que chama de "precariedade virtual". O desemprego, que beira hoje os 10% na França, é um dos maiores medos da população, acredita. "Quando se está esgotado profissionalmente, é possível que a ideia do suicídio pareça ser uma solução", avalia Delgenes.

No entanto, em matéria de precariedade, condições de trabalho difíceis e desemprego em massa, a França não é exceção na Europa. Na Itália e na Espanha, por exemplo, um quarto da população ativa está desempregada. "Mas a Itália e a Espanha têm uma cultura de estrutura familiar e religiosa muito fortes: fatores que ponderam e amortecem ondas de suicídio", a exemplo das vividas pela França, diz o especialista.

Para o Ifop, a prevenção ao suicídio não pode ter como resposta apenas um tratamento médico individualizado. "Toda a sociedade deve se preocupar com a questão", conclui.

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