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Centros de prevenção contra a radicalização de jovens na França não convencem imprensa

O governo francês multiplica suas ações para combater o fenômeno de radicalização de jovens que, abraçam a causa do grupo Estado Islâmico, e podem representar uma ameaça de atentados a França. A última iniciativa, a abertura de um primeiro centro de prevenção e inserção pela cidadania, é analisada pela imprensa desta quarta-feira (14) que levanta dúvidas quanto a eficiência do programa.

Capa do jornal Le Figaro desta quarta-feira, 14/09/2016
Capa do jornal Le Figaro desta quarta-feira, 14/09/2016
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"Uma aposta incerta contra a radicalização", critica Le Figaro. O jornal conservador diz que o primeiro centro de prevenção contra a radicalização vai receber jovens considerados recuperáveis, isto é, que tiveram uma mudança de comportamento após serem doutrinados, mas que nunca combateram, nem foram condenados.

Os 30 candidatos serao voluntários, mas esse programa de desradicalização, baseado em cursos de esporte, religião, reinserção profissional e cidadania, provoca um certo ceticismo, a começar pelos moradores de Beaumont-en-Véron, na região do Vale do Loire, ao sudoeste de Paris, onde o centro será instalado. Na terça-feira eles fizeram uma manifestação em frente ao local. A reação na cidade de 2.900 moradores varia entre o medo e a cólera, escreve Le Figaro.

Os idealizadores do programa preferem ser prudentes ao falar das chances de sucesso do método empregado, que será empírico e pragmático, aponta o jornal. Mas alguns especialistas entrevistados denunciam uma iniciativa sem fundamento e reflexão. "Ninguém é contra tentativas para encontrar uma solução, mas diante de tamanho desafio e risco, fazer uma experiência com tanta improvisação é inconsciente e irresponsável", afirma um morador de Beaumont-en Véron ouvido pelo jornal.

Fenômeno em rápida expansão

O fenômeno de radicalização de jovens se amplia rapidamente na França. Onze mil 811 casos foram registrados, e um aumento de 70% aconteceu nos últimos 7 meses. Atualmente, 2.375 jovens e 950 famílias recebem uma orientação especifica em diversos programas, mas sem internamento. O governo prevê, em 2016, uma verba de  €10,3 milhões para lutar contra a radicalização e 13 centros devem ser abertos no país até 2017.

Os espaços serão abertos em cada uma das treze regiões francesas que poderão escolher o perfil dos jovens que receberão, explica Le Monde. Algumas regiões poderão até acolher jovens mais violentos, como ex-detentos ou que acabaram de voltar da Síria. O primeiro centro de Beaumont-en-Véron será a versão "mais light" do programa. O grande desafio será atrair os voluntários que passarão dez meses internados.

O governo navega à vista, isto é, sem bússola, pressionado pelo tempo nesse contexto de ameaça terrorista elevada e confrontado à falta de trabalhos práticos sobre o tema, analisa Le Monde. O diário diz que o primeiro centro será experimental e baseado nos Programa Públicos de Inserção de Defesa, que são destinados a dar uma segunda chance aos desempregados de longa duração, e abrirá o caminho para a implantação dos outros estabelecimentos. Working in progress!
 

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