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Terrorismo

Como está Nice, três meses após o atentado de 14 de Julho

Há três exatos meses, um homem avançava um caminhão contra uma multidão que assistia aos fogos de 14 de Julho, no Passeio dos Ingleses, em Nice. O atentado, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) e o mais violento desde 13 de novembro de 2015 em Paris, deixou 86 mortos e mais de 450 feridos.

Homenagens às vítimas do atentado do 14 de julho no Passeio dos Ingleses em Nice. 12/10/16
Homenagens às vítimas do atentado do 14 de julho no Passeio dos Ingleses em Nice. 12/10/16 REUTERS/Eric Gaillard
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Com informações de Raphaël Reynes, enviado especial da RFI à Nice

Uma homenagem nacional deveria ser realizada nesta sexta-feira (14), mas foi adiada por 24 horas devido ao mau tempo no sul do país. O instituto de meteorologia francês colocou uma boa parte da região Provença-Alpes-Côte d'Azur em estado de alerta devido ao risco de tempestades. A cerimônia está prevista para ocorrer na manhã de sábado (15).

Segundo Vincent Delhomel-Desmarest, presidente da associação Passeio dos Anjos, formado por vítimas e familiares dos mortos no ataque de 14 de julho, a homenagem "pode ser o início da aceitação para alguns". A advogada Olivia Chalus-Pénochet, que representa dez vítimas, reforça a ideia. "As famílias ainda estão em busca de reconhecimento. São parentes desesperados, desamparados e que ainda estão em estado de choque", explica.

Devido à preocupação com a segurança, o acesso à cerimônia só será possível com um convite. Além do presidente francês, François Hollande, muitos representantes do governo, como os ministros do Interior e da Justiça, prefeitos e políticos locais também participarão da homenagem. Cerca de 500 sobreviventes e familiares de vítimas estarão presentes.

Alguns dos participantes da cerimônia chegaram a Nice na noite de quinta-feira (13), vindos do interior da França, mas também de outros países. Entre os mortos, havia pessoas de 19 nacionalidades, entre tunisianos, ucranianos, alemães, italianos, britânicos e uma brasileira, Elizabeth Cristina de Assis Ribeiro, de 30 anos, que morreu ao tentar salvar a filha Kayla, de 6 anos, de nacionalidade suíça.

Muitos hotéis decidiram receber as pessoas gratuitamente. Além disso, cerca de 150 taxistas se colocaram à disposição para transportar os participantes ao evento.

Investigações pouco evoluíram

Uma das principais reivindicações das famílias é sobre a evolução da investigação da tragédia. Muitas dúvidas sobre as motivações e a personalidade do autor do atentado ainda não foram respondidas.

O que se sabe até o momento é que o responsável pelo ataque, um tunisiano de 31 anos, morava em Nice há vários anos. O caminhão utilizado no massacre foi alugado alguns dias antes pelo terrorista, um homem descrito como instável, raivoso e com uma dupla personalidade, mas sem nenhum interesse por religião.

O ato foi reivindicado pelo EI menos de dois dias depois de ter sido realizado. No entanto, até o momento, os investigadores não conseguiram estabelecer nenhuma relação entre o grupo e o autor do ataque, morto pela polícia na noite do 14 de julho.

Outra questão que ainda não foi digerida pelos habitantes da cidade é sobre as medidas de segurança colocadas em prática para a queima de fogos no Passeio dos Ingleses. Muitos ainda se perguntam como o imenso caminhão conseguiu passar o perímetro de segurança onde milhares de pessoas assistiam à cerimônia.

Algumas horas após o ataque, o governador da região, Christian Estrosi, culpou o Estado pelo fraco aparato policial disponibilizado pelo Estado. A polêmica ainda choca algumas das vítimas. "Se a segurança de todos não podia ser garantida, o evento não deveria ter sido realizado", protesta Sarah Toukabri, que perdeu o pai, uma tia e dois primos no atentado.

15 feridos seguem hospitalizados

No total, 86 pessoas morreram no massacre, entre elas, 15 crianças e adolescentes. Mais de 450 pessoas ficaram feridas e 15 permanecem hospitalizadas. Duas vítimas devem ser submetidas a novas cirurgias.

O trauma ainda está presente, inclusive no grande número de crianças que assistiam aos fogos. O jornal Le Monde informa nesta sexta-feira que mais de mil famílias solicitaram ajuda ao serviço de pedopsiquiatria do Centro Hospitalar Lenval de Nice.

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