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França: jornalistas de TV em greve contra animador suspeito de corromper menores

Os jornalistas da iTELE, canal de notícias do grupo francês Canal+, votaram nesta terça-feira (18) a continuação de uma greve que começou na véspera (17). Eles protestam contra a presença de um famoso animador recém-contratado, indiciado por corrupção de menores.

Jornalistas e funcionários diante da sede da iTELE em 17 de outubro de 2016
Jornalistas e funcionários diante da sede da iTELE em 17 de outubro de 2016 REUTERS/Benoit Tessier
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A queda de braço entre a redação e a direção do canal de notícias começou no dia 7 de outubro, quando foi confirmada a vinda do popular animador Jean-Marc Morandini, contratado antes de ser indiciado pela justiça por organizar castings duvidosos para a produção de uma websérie erótica.

Recusando-se a trabalhar com o recém-chegado, os jornalistas esperavam que o mesmo seria colocado "em banho-maria" ou afastado até sua situação se definir, mas o dono do grupo, Vincent Bolloré, bateu o pé e impôs o seu protegido. Esperando que Morandini bata recordes de audiência, Bolloré defende o argumento jurídico da "presunção de inocência", ou seja, enquanto não for provada a culpa, a pessoa é considerada inocente.

Em mais uma prova de força, a direção de iTELE propôs a todos os jornalistas que não estiverem satisfeitos com a chegada de Morandini, que partam com indenizações.

Nesta terça-feira, 81% dos jornalistas da redação votaram pela continuidade da greve. Eles também exigem a apresentação de um projeto editorial e a nomeação de um diretor-adjunto do canal. Uma nova assembleia geral deve acontecer na quarta-feira (19),

Jean-Marc Morandini estreando seu programa na iTELE em 17 de outubro de 2016
Jean-Marc Morandini estreando seu programa na iTELE em 17 de outubro de 2016 Reprodução

Mesmo nesse contexto tenso, a estreia do programa "Morandini Live" aconteceu na segunda-feira, produzida por não-grevistas e free-lancers. Como o canal está em greve, Morandini teve boa audiência e colocou cerca de 104 mil espectadores diante da TV. "Dobramos a audiência nessa hora, habitualmente vista por cerca de 50 mil pessoas", escreveu o apresentador em seu blog.

Mas nem todos os patrões de Morandini pensam como o dono da iTELE.

Na TV a cabo NRJ, ele foi retirado da apresentação e agora apenas produz um programa sobre histórias de crimes ocorridos na França. Já a direção da rádio Europe 1, onde ele tinha um programa diário, decidiu suspendê-lo.

Nas redes sociais, multiplicam-se o apoio de jornalistas de outras mídias aos colegas da iTELE.

Conheça o escândalo envolvendo o apresentador francês

A obsessão de Morandini por rapazes nus veio à tona quando a revista Les Inrocks denunciou no mês de

Jean-Marc Morandini, rejeitado pelos novos colegas da iTELE
Jean-Marc Morandini, rejeitado pelos novos colegas da iTELE Geoffroy Van der Hasselt / AFP

junho passado as suas práticas duvidosas. Dono de uma produtora, em 2009 ele realizou castings de jovens atores para a websérie "Les Faucons" ("Os Falcões", em tradução livre), nome de um time de futebol da periferia de Paris. Concebida inicialmente para a Internet, segundo a produtora, os episódios, de dez minutos cada um, mostravam a vida de um time de futebol na periferia de Paris.

Mas os jovens aspirantes à fama selecionados para as filmagens terão que atender às exigências do apresentador: cenas de nu frontal, masturbação e até mesmo felação. Uma primeira denúncia encorajou outros meninos a testemunharem.

Na semana passada, um novo depoimento compromete Morandini em outro caso de castings, desta vez no começo do ano 2000, envolvendo o site GenerationGay, do qual o apresentador era o principal acionista. O site oferecia anúncios, conversas eróticas e fotos de rapazes nus, inclusive imberbes.

 

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