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França é campeã de desigualdades na escola, revela estudo

A decepção da imprensa francesa com o desempenho da França no ranking mundial de educação da OCDE está estampada na primeira página dos jornais desta quarta-feira (7). A França ficou na 26ª posição e é mais uma vez criticada. Segundo os jornais, o estudo revela que o país é “campeão de desigualdades sociais na escola”.

Capa do jornal Libération desta quarta-feira, 7 de dezembro de 2016.
Capa do jornal Libération desta quarta-feira, 7 de dezembro de 2016.
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Os resultados da edição 2016 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), uma prova feita por secundaristas em 70 países, foram divulgados nesta terça-feira (6), em Paris. Le Figaro afirma em sua manchete que a educação no país "continua medíocre". O jornal conservador lembra que a pesquisa, realizada a cada três anos, é referência no setor da educação e que a última edição focou a avaliação do ensino de ciências e matemática. Nessas duas matérias, a 5ª economia mundial obteve o mesmo resultado que em 2013.

A posição francesa no ranking está na média de outros países europeus, segundo o governo socialista, “partidário da mediocridade”, aponta o jornal. Mas os críticos, a começar pelos pais de alunos, lamentam que a França esteja muito atrás de Macao, Vietnam, Estônia e até de províncias chinesas.

Progresso dos franceses na compreensão escrita

A única boa notícia para o país é um progresso na compreensão escrita. A França ocupa agora a 19ª posição nesse quesito. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo Pisa, o principal problema francês é a falta de avaliação dos professores.

A presidente de um sindicato da categoria, entrevistada pelo jornal, contesta reformas recentes adotadas pelo governo que fizeram a França perder qualidade e se distanciar de outros países europeus, como o fim das notas e de classes bilíngues no ensino fundamental.

O que o estudo sanciona é o projeto de “igualitarismo” da ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, que combate o mérito e o elitismo na escola, mas acabou por reproduzir as desigualdades sociais”, acusa o editorial do Le Figaro. O texto afirma que, ao contrário da França, os países que conseguiram ajudar os estudantes em dificuldade a progredir foram os que escolheram a excelência como método.

Número de estudantes em dificuldade aumenta

“A França campeã das desigualdades sociais na escola”, afirma em coro Les Echos. O jornal econômico revela que as elites do país continuam a ter um bom resultado, mas que o número de estudantes secundaristas que têm dificuldades em ciências e matemática aumenta, puxando a média nacional para baixo.

No entanto, apesar das críticas da oposição e do resultado mediano, a OCDE elogiou, ao divulgar o resultado do Pisa, a política educativa implantada pelo governo socialistas desde 2012. Prevendo a alternância na presidência francesa, conselheira especial da OCDE, Gabriela Ramos, pediu inclusive a manutenção das reformas. Ela avalia que as consequências “das mudanças no setor da educação não são imediatas”.

Verbas para a educação mal distribuídas

Libération tenta justamente entender porque a escola francesa não avança, o nível dos estudantes franceses estagna e as desigualdades continuam em massa. “O estudo Pisa mostra uma imagem cruel que acaba com a ilusão de que o sistema educativo francês funciona”, afirma um professor de ciências citado pelo diário progressista.

Uma das explicações está no financiamento. A França, como a média dos países que integram a OCDE, gasta 5% de seu PIB em Educação. O problema é a distribuição desse dinheiro. O sistema francês investe sobretudo no ensino secundário, em detrimento do ensino fundamental. Os países que ocupam as primeiras posições no Pisa são exatamente os que fazem ao contrário, isto é, investem antes de mais nada nos primeiros anos da escola, considerados fundamentais para os alunos de famílias pobres, ensina Libération.

Vale lembrar que o Brasil ficou na 63ª posição nesse ranking mundial de educação da OCDE.

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