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A Semana na Imprensa

“Podemos ainda ser otimistas?”, pergunta Le Monde

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A revista M do jornal Le Monde traz matéria de capa neste fim-de-semana sobre o otimismo em tempos de revolta social e outros problemas contemporâneos.

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A felicidade coletiva ainda é possível nestes tumultuados tempos modernos? Esta é a pergunta que a revista semanal M traz em sua capa, conjugando ansiedades contemporâneas à ideia de uma “França feliz”. Essa ideia nostálgica persistiria, segundo a revista, no espírito dos franceses de mais de 40 anos, porque, segundo o periódico, “o sentimento de felicidade se conjuga hoje sobretudo no passado”, uma menção aos “13 anos felizes que o país conheceu entre 1962 e 1975”.

A revista M faz uma retrospectiva desses tempos áureos da França, com taxas de crescimento em estáveis 6%, uma elevação “vertiginosa” do nível de vida e, “principalmente, com trabalho para todos”. “Essa época de ouro, com ares de paraíso perdido, não é uma miragem”, afirma o periódico para “convencer os mais céticos”. No entanto, afirma a revista M, “podemos prever, sem medo de errar, que palavras como bem-estar e otimismo não serão numerosas quando alguém for escrever sobre a França de hoje em dia, colada dentro de uma crise e petrificada pelo terrorismo”.

Descontentamento social e esperança no futuro

“Mas descontentamento social e felicidade coletiva não são forçosamente contraditórios”, contemporiza o periódico, citando o historiador francês Remy Pawin. “Podemos lutar e sermos felizes”, insiste Pawin. Para Jean-Pierre Rioux, outro historiador citado pela Revista M, “está fora de questão repetir a frase clássica ‘era melhor antes’”. Rioux lamenta que “uma espécie de culto à infelicidade tenha se desenvolvido no país das Luzes, que produziu no século 18 o conceito moderno de uma felicidade terrena que acompanha o progresso científico, tecnológico e econômico”.

“E se a França aprendesse a liberar suas energias positivas em vez de se conformar à ideia tenaz de uma alma nacional mergulhada em um líquido amniótico de um pessimismo congênito?”, insiste a revista M, lembrando que “a História ensina que os franceses já souberam demonstrar uma fé sólida no futuro, mesmo durante as horas sombrias da ocupação nazista”. “Para a surpresa de demógrafos, a fecundidade dos casais franceses aumentou bruscamente não após a Liberação [da ocupação nazista], mas desde 1943”, afirma o historiador Jean-Pierre Rioux.

“Reconhecemos a felicidade pelo barulho que ela faz, quando ela vai embora”, dizia o poeta francês Jacques Prévert, citado pelo periódico. A Revista M termina sua análise dizendo que apenas o tempo poderá julgar se os anos do presidente François Hollande serão classificados como desastrosos, peníveis ou infelizes. “Numa entrevista de 1969, [o ex-presidente francês] Georges Pompidou esperava que os historiadores não tivessem muita coisa a dizer de seu governo, porque “povos felizes não produzem muita história”, publica a revista M.

“Se o aforismo for verdade, a França de François Hollande tem poucas chances de cair no esquecimento”, finaliza o periódico.

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