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Perspectivas

Imprensa francesa pede guinada econômica e política em 2017

Os jornais franceses chegaram às bancas nesta segunda-feira (2) trazendo as expectativas dos editorialistas para 2017. Porém, na maioria dos diários, o tom é de pessimismo, devido à instabilidade política persistente em várias regiões do mundo e ao espaço que o terrorismo voltou a ocupar nos países ocidentais.

Em 2016, os eventos políticos tiveram forte impacto nos mercados; no dia seguinte ao Brexit, a bolsa de Madri caiu 10% (foto).
Em 2016, os eventos políticos tiveram forte impacto nos mercados; no dia seguinte ao Brexit, a bolsa de Madri caiu 10% (foto). REUTERS/Andrea Comas
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Na capa do Le Figaro, o empresário Serge Dassault, dono do jornal e maior fabricante de armamentos de defesa do país, se dirige aos leitores para afirmar que o próximo presidente francês, que será eleito em maio, terá de agir com rapidez para enfrentar três problemas que ele considera graves: o desemprego, a falência do sistema educacional e o combate ao terrorismo. Conservador, Dassault propõe o restabelecimento de um controle estrito nas fronteiras e a redução das liberdades individuais para garantir a segurança dos franceses.

O Les Echos, jornal especializado em economia, diz que "os ventos que sopram atualmente no mundo não são os da verdade, da abertura e do liberalismo, mas, sim, da mentira, do protecionismo e do autoritarismo". Na perspectiva de várias eleições europeias em 2017, que podem resultar num fortalecimento dos partidos populistas e de extrema-direita, Les Echos diz esperar que a razão triunfe sobre "a besteira e a demagogia".

O jornal defende uma guinada para oferecer novas perspectivas aos povos ocidentais, cuja principal preocupação é saber se terão emprego no futuro. "O funcionamento do sistema capitalista enfrenta uma crise de legitimidade", após trinta anos de globalização. "O ano de 2017 deve trazer respostas a essas inquietações crescentes e que podem ser destrutivas para a coesão das nações", destaca o Les Echos.

Já o Le Monde, que chegou às bancas na tarde desta segunda-feira, traz em seu caderno de economia uma longa reportagem sobre os desafios para a zona do euro. Segundo o vespertino, a alta da taxa de juros e o retorno da inflação em 2017, que podem fragilizar o crescimento europeu, são os fatos mais preocupantes. Além disso, os especialistas ouvidos pelo jornal chamam a atenção para os riscos que podem representar as diferentes eleições no bloco, com pleitos previstos neste ano na França, na Alemanha, na Holanda e talvez até na Itália.

Economia francesa deve melhorar, mas cenário político é incerto

O jornal Aujourd'hui en France diz em manchete que os especialistas são unânimes em afirmar que o crescimento econômico deve retornar à França em 2017, mas a melhoria na economia pode ser impactada pelas incertezas ligadas à chegada de Donald Trump na Casa Branca e à saída do Reino Unido da União Europeia. Em seu editorial, o diário sublinha que, atualmente, a conjuntura econômica depende muito mais de escolhas políticas do que dos ciclos econômicos. Nessa configuração, é o eleitor que tem a chave para definir o futuro.

Apesar do tom preocupado da imprensa, uma pesquisa do instituro Harris publicada hoje mostra que 58% dos franceses estão otimistas em relação a 2017. A sondagem, realizada desde 2009, mostra que a tendência de olhar para o futuro com otimismo cresceu de maneira constante nos últimos anos, passando de 44% em 2011 para 58% em 2017.

Essa evolução positiva é particularmente acentuada nas camadas mais baixas da população. Porém, a quatro meses da eleição presidencial, nenhum pré-candidato à presidência entusiasma os franceses. Os políticos mais portadores de esperança são o ex-ministro da Economia Emmanuel Macron, com 25% de preferência, seguido por Marine Le Pen (21%), François Fillon (20%) e Jean-Luc Mélenchon (13%).

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